Ciência
22/06/2023 às 12:00•3 min de leitura
Um dos debates mais acalorados de 2023 diz respeito a uma invenção moderna: a inteligência artificial. Como será que esse debate será encarado daqui a 50 ou 100 anos, quando a IA já for assunto para os livros de história?
Porém, quando o assunto são invenções antigas, nós temos distanciamento histórico suficiente para saber quais foram bem sucedidas ao longo do tempo. Modernidades como a imprensa, os filmes falados e os celulares se tornaram indispensáveis — e parece até engraçado alguém ser contra elas. Mas, quando surgiram, houve muita gente contra...
Em 2021, nós fizemos outra lista desse tipo, com seis invenções recebidas com resistência no passado. Agora, nós trazemos mais cinco exemplos supercuriosos.
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Para muitas pessoas do século XXI, acostumadas a ler e escrever apenas em telas, a própria palavra impressa já é obsoleta. Mas na época do descobrimento da América a imprensa era a maior modernidade — e foi recebida com bastante resistência.
Houve quem dissesse que o trabalho dos escribas, que reproduziam livros escrevendo-os a mão em pergaminhos, era muito superior. Afinal, o pergaminho era feito de peles de animais, enquanto o frágil papel era (e ainda é) feito de celulose vegetal. Realmente, os livros de hoje não duram tanto quanto os pergaminhos do passado — mas isso não é bem um problema. A escrita manual só sobrevive nas anotações particulares das pessoas (e olhe lá!).
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Atualmente, muitas pessoas se preocupam por usar o celular em excesso. Mas lá no início dos anos 1980, houve quem questionasse se essa invenção fazia algum sentido. Afinal, quem seria maluco de arrancar os fios de telefone de casa para ficar carregando o celular para todo lado?
Até Marty Cooper, inventor considerado "o pai do celular", não imaginava que o aparelho seria tão onipresente. Em uma entrevista, ele disse: "os telefones celulares definitivamente não vão substituir as redes locais com fio. Mesmo que você projete além de nossas vidas, ele não será barato o suficiente". Martin Cooper ainda é vivo em 2023, então essa projeção foi bem errada.
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Quando o primeiro filme com som da história do cinema — O Cantor de Jazz — foi lançado, em 1927, foi uma verdadeira revolução. Os talkies, ou "falantes", viraram uma mania entre o público e, dentro de poucos anos, se tornariam o padrão da indústria.
Mas na época do lançamento de O Cantor de Jazz, muita gente viu a invenção com ceticismo. Chamavam os talkies de squeakies (rangidos) e moanies (gemidos), acreditando que seria uma moda passageira.
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Mais um exemplo que envolve a indústria do cinema: nos anos 1980, fizeram de tudo para proibir as câmeras caseiras e os videocassetes. Afinal, o mercado acreditava que as pessoas serem capazes de gravar seus próprios conteúdos seria o fim da indústria do cinema.
O caso chegou até o Congresso dos EUA, com forte lobby da indústria cinematográfica em prol da proibição total. No fim, o público e as fabricantes de videocassetes ganharam. Embora você não compre ou alugue mais filmes avulsos (em fita ou DVD), a indústria do cinema segue viva.
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Hoje em dia, parece extremamente corriqueiro ir até o congelador da sua casa e pegar alguns cubos de gelo para colocar numa bebida. Ou, ainda, comprar sacos de gelo potável para usar em grande quantidade. Contudo, você já parou para pensar em quem foi a primeira pessoa que pensou em fabricar — e vender — gelo? Afinal, ele não se forma naturalmente em locais como o Brasil.
Esse homem foi Frederic Tudor, que vivia nos recém-independentes Estados Unidos. No início do século XIX, ele teve a ideia de transportar um grande bloco de gelo até ilhas do Caribe que nunca tinham visto aquilo. Ninguém comprou, porque não sabia o que fazer com ele. Mas logo Tudor teve a ideia de fazer sorvete — e as pessoas curtiram se refrescar com ele.
Ao longo do século XIX, Tudor exportou gelo dos Estados Unidos para o Caribe e até para a Ásia. Depois da 1ª Guerra Mundial, o gelo pode ser fabricado artificialmente e esse comércio diminuiu. Mas Frederic Tudor já estava morto há décadas, depois de fazer fortuna.