Cientistas descobrem berçário de polvos no mar da Costa Rica

11/07/2023 às 12:002 min de leitura

Quando uma equipe de cientistas explorava a costa oeste do mar da Costa Rica, em 2013, a presença de polvos fêmeas reunidas chocando seus ovos não passou despercebida. No entanto, como nenhum embrião havia sido encontrado por ali, os pesquisadores acreditaram que o local não teria potencial para se tornar um berçário.

Dez anos depois, eles descobriram que estavam errados – o que foi comemorado entre os estudiosos. É o que aponta a expedição Octopus Odyssey, ou Odisseia dos Polvos, em português, que teve duração de 19 dias e foi conduzida a bordo de um navio do Schmitd Ocean Institute, ONG que atua em estudos sobre os oceanos.

Local onde a descoberta do berçário ocorreu, que fica mais de 2800 metros abaixo do nível do mar, já havia sido explorado em 2013. (Fonte: Schmidt Ocean/Reprodução)Local onde a descoberta do berçário ocorreu, que fica mais de 2800 metros abaixo do nível do mar, já havia sido explorado em 2013. (Fonte: Schmidt Ocean/Reprodução)

Descoberta do berçário de polvos

A surpresa pode ser explicada por uma razão bem simples: o monte marinho Dorado Outcrop, onde ocorreu a descoberta, faz parte de uma região hidrotermal, onde fluidos mais quentes são liberados nas águas. E considerando que polvos geralmente preferem se instalar em águas mais frias, tudo indicava que a região poderia não oferecer as condições mais adequadas para o desenvolvimento dos animais.

Pelo visto, a regra não se aplica a todas as espécies de polvo, embora o motivo para isso ainda não tenha sido esclarecido. Com a descoberta desse novo local de incubação de polvos, passam a ter três berçários mundialmente documentados, e este seria o primeiro instalado no fundo do mar.

As imagens, obtidas pelo robô subaquático ROV SuBastian, indicam que se trata de um berçário ativo da espécie Muusoctopus. Uma das principais características desses polvos diz respeito à sua dimensão, de pequeno a médio porte, além da ausência de bolsos de tinta.

Cientistas de diversos países participaram da expedição. (Fonte: Schmidt Ocean/Reprodução)Cientistas de diversos países participaram da expedição. (Fonte: Schmidt Ocean/Reprodução)

"A descoberta de um novo berçário ativo de polvos a mais de 2.800 metros abaixo da superfície do mar, nas águas da Costa Rica, prova que ainda há muito a aprender sobre o nosso oceano", disse Jyotika Virmani, que é diretor executivo do Schmidt Ocean Institute.

As imagens obtidas dão uma amostra do universo que estava escondido. Inclusive, a expedição também envolveu outros cinco montes submarinos, deixando a equipe com a forte impressão de que a biodiversidade por ali é tão rica, que tem potencial para permitir a descoberta de novas espécies futuramente. Além dos filhotes de polvos, peixes tripés e jardins de corais foram identificados.

Expectativa é que a descoberta auxilie em estudos futuros sobre a vida no mar. (Fonte: Schmidt Ocean/Reprodução)Expectativa é que a descoberta auxilie em estudos futuros sobre a vida no mar. (Fonte: Schmidt Ocean/Reprodução)

Expedição busca promover conscientização ambiental

Uma das preocupações de ambientalistas, e mesmo de integrantes da equipe de cientistas, diz respeito à área em questão estar desprotegida das atividades humanas, de modo que a pesca ainda seja praticada nas águas da Costa Rica.

Pensando nisso, um dos objetivos envolvidos nessa expedição é o de ampliar a conscientização sobre a necessidade de proteger as águas e a vida marinha. Os trabalhos de pesquisa na região, por sua vez, seguirão até o final deste ano.

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