Artes/cultura
13/07/2023 às 11:00•2 min de leitura
Em meio à evolução das espécies, muitas características permanecem sendo comuns entre diferentes grupos, o que permite tanto estabelecer comparações, quanto especular sobre como determinados traços teriam sido transmitidos ao longo de bilhões de anos.
E isso se torna especialmente verdadeiro quando paramos para pensar que existem dois símios africanos com um altíssimo nível de similaridade com o DNA humano, alcançando os 98,7%. Estamos falando do chimpanzé (Pan troglodytes), que ganhou fama justamente por isso, e também do bonobo (Pan paniscus), que teria alcançado o mesmo percentual.
Entenda, agora, quais pontos são levantados por especialistas nesse tema e conheça um pouco mais sobre ambas as espécies.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Nesse sentido, um estudo genético publicado na revista Nature em 2012 trouxe muitos dados importantes: o primeiro aponta que genoma humano está relacionado com o dos chimpanzés e bonobos em mais de 3%. Além disso, enquanto a diferenciação genética entre o homem e as outras duas espécies seria de 1,3%, entre chimpanzés e bonobos, esse valor seria de 0,4%.
Fato é que, indo além da capacidade de resolver problemas mais complexos, e da própria anatomia, algumas das emoções e tendências comportamentais que vemos nestas outras espécies também se manifestam no ser humano.
Nos chimpanzés, temos o humor, e mesmo uma significativa dose de competitividade, que em dados momentos se reflete na busca por hierarquia e domínio territorial. Inclusive, em contextos mais extremos, esses últimos elementos acabam se desdobrando em ações mais agressivas, como quando se unem para atacar outros grupos.
Apesar de ser compreendido que por serem racionais, os homens são perfeitamente capazes de justificar seus atos, estudiosos ainda tentam delimitar o quanto das tendências seriam intrínsecas à espécie humana, e ainda quais traços teriam sido compartilhados entre um ancestral comum. Como o próprio estudo aponta, nesse último cenário, se trataria de um mosaico bastante complexo.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Já entre os bonobos, por outro lado, é o lado amistoso que mais chama a atenção, de modo que sejam apontados como animais com uma melhor capacidade de resolver conflitos, quando em comparação com os chimpanzés.
Cientistas apontam que mesmo o comportamento sexual da espécie e a forma como interagem em contextos mais descontraídos chega a lembrar a maneira como os humanos estabelecem suas relações. Não se sabe, ainda, se eles teriam uma inteligência social superior.
Inclusive, essa postura mais harmoniosa fez a espécie receber alguns apelidos, como a de "macacos feministas". O motivo para isso seriam determinadas dinâmicas observadas, como a de fêmeas liderarem grupos sem que os machos apresentem grande resistência.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Outro fato bastante interessante diz respeito à tendência dos bonobos compartilharem alimentos. Curiosamente, o mesmo padrão se mantém com animais que não pertençam ao próprio grupo, ou mesmo quando não há benefícios envolvidos na tarefa de ajudar outro bonobo a se alimentar, o que demonstra grande empatia e surpreende.
Com isso, observar os animais pode até levantar a questão sobre qual espécie, afinal, estaria mais próxima dos humanos. Talvez seja cedo para apontar que qualquer semelhança seja suficiente para justificar determinados comportamentos, já que mesmo sendo expressivas, elas não explicam sobre a forma como os homens agem, pensam e se relacionam.
Mas ainda assim, entender melhor sobre o chimpanzé e o bonobo não deixa de ser uma forma bastante efetiva de demonstrar o quanto o mundo animal é bastante complexo — talvez muito mais do que aparenta ser —, o que pode ser usado para tornar o olhar humano mais atento e empático.