Estilo de vida
19/08/2023 às 11:00•2 min de leitura
A adoção de crianças é algo bastante comum entre os seres humanos e acontece por inúmeros motivos, como infertilidade entre um casal ou o simples desejo de fornecer um novo lar para jovens carentes. Porém, de maneira bastante curiosa, nós não somos os únicos seres vivos do mundo que realizam esse tipo de prática.
Segundo pesquisadores, a adoção de filhotes é algo que aparece também nas mais variadas espécies da natureza e provavelmente começou porque confere uma vantagem evolutiva ao pai adotivo. E o que isso tudo quer dizer? Para entender como funciona a adoção entre animais, leia os próximos parágrafos!
(Fonte: Getty Images)
Em entrevista à Live Science, o ecologista comportamental e diretor de pesquisa do Center for Whale Research, Michael Weiss, explicou que a adoção de filhotes entre animais pode conferir uma vantagem evolutiva muito grande para a nova família. As mamães adotivas, por exemplo, recebem uma valiosa experiência de cuidado com crianças, o que aumenta as chances de sobrevivência de seus próprios filhotes no futuro.
Adoções na natureza podem ocorrer dentro da mesma espécie ou até mesmo entre espécies diferentes — o que são casos mais raros, mas "comuns" em animais criados em cativeiro. Além disso, não são apenas as fêmeas na natureza que costumam se disponibilizar como família adotiva para os filhotes.
Um estudo feito em 2021 examinou os efeitos da perda materna em jovens gorilas-da-montanha (Gorilla beringei beringei). Os pesquisadores constataram que órfãos com mais de 2 anos estabeleceram relacionamentos duradouros com outros membros de seu grupo, mas especialmente com machos dominantes.
É comum que jovens gorilas compartilhem o ninho com suas mães à noite. Porém, se ela acabar morrendo ou deixar o grupo, esse filhote então irá compartilhar um ninho com o macho líder do grupo. Independente se o macho dominante foi pai do bebê, seu papel nessa sociedade é proteger a próxima geração do infanticídio nas mãos de machos rivais.
(Fonte: Getty Images)
A adoção é algo tão especial na natureza que pode ser uma prática capaz até mesmo de unir grupos sociais. Outro estudo feito em 2021, publicado na revista Scientific Reports, observou a história do primeiro caso de grandes símios adotando bebês de um grupo separado.
Na ocasião, duas fêmeas bonobos adotaram dois filhotes de outro grupo, algo visto entre os pesquisadores como uma tentativa de aumentar o status social dos adultos. “Uma possibilidade é que os adotados possam se tornar futuros aliados das mães adotivas”, escreveram os autores. Como ambos os filhotes eram fêmeas e as fêmeas bonobo formam fortes laços sociais, a adoção desses bebês poderia fortalecer as mamães adotivas dentro da estrutura social dos grandes símios.
Contudo, nem tudo é por interesse. Os cientistas também acreditam que a ação dos primatas pode ser acarretada por um sentimento de empatia e fascínio pelos filhotes, algo que pode ser visto também em animais como as orcas. Orcas fêmeas que ainda não foram mães são totalmente obcecadas por bebês e adotarão um filhote assim que tiverem oportunidade.
Sendo assim, seja por ganhar vantagens evolutivas ou simplesmente pelo forte desejo de amar um bebê abandonado, a natureza trabalha fortemente para que nenhuma criança seja deixada de lado.