Tijolo de 2,9 mil anos releva DNA de plantas antigas no Iraque

24/08/2023 às 11:002 min de leitura

Arqueólogos recentemente descobriram um tesouro de DNA de plantas antigas em um tijolo de argila de quase 3 mil anos no norte do Iraque. O artefato havia sido usado na construção do palácio do rei neo-assírio Assurnasirpal II na antiga cidade de Kalhu, posteriormente chamada de Nimrud. 

Os autores do estudo adaptaram uma técnica normalmente usada em materiais como ossos para conseguir extrair o DNA de dentro do tijolo de barro, que só foi possível ser realizada graças à inscrição presenta na peça, a qual diz "Propriedade do palácio de Assurnasirpal, rei da Assíria" em escrita cuneiforme.

Revelando o passado

(Fonte: Arnold Mikkelsen e Jens Lauridsen/Divulgação)(Fonte: Arnold Mikkelsen e Jens Lauridsen/Divulgação)

Agora residindo no Museu Nacional da Dinamarca, o tijolo de argila retirado no Iraque foi peça de um projeto de digitalização da instituição em 2020. Nessa época, os pesquisadores notaram que seria possível extrair DNA de seu núcleo interno, o qual poderia ter permanecido lá protegido de contaminação por milhares de anos.

Esse tipo de tijolo era efeito antigamente por artesãos secando uma mistura de barro, palha e até mesmo esterco animal no sol. O fato da argila não ter sido exposta ao calor extremo de um forno significa que qualquer material genético preso dentro dela teria uma boa chance de sobreviver ao longo dos anos.

Ao adaptar um protocolo que é normalmente usado para obter DNA de ossos, a equipe de pesquisa conseguiu sequenciar com sucesso do DNA que remonta à criação do tijolo, o qual teria sido feito entre 879 e 869 a.C. “Ficamos absolutamente emocionados ao descobrir que o DNA antigo, efetivamente protegido da contaminação dentro de uma massa de argila, pode ser extraído com sucesso de um tijolo de argila de 2.900 anos”, destacou Sophie Lund Rasmussen, autora do estudo. 

Informações escondidas em DNA

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Ao comparar o sequenciamento de DNA extraído do tijolo com registros botânicos modernos da região — bem como descrições de plantas assírias antigas —, a equipe de pesquisa conseguiu identificar 34 grupos taxonômicos diferentes de plantas. Isso inclui repolhos (Brassicaceae), urzes (Ericaceae), louros (Lauraceae) e gramíneas (Triticeae). 

"Por causa da inscrição no tijolo, podemos alocar a argila em um período de tempo relativamente específico em uma determinada região, o que significa que o tijolo serve como uma cápsula temporal da biodiversidade de informações sobre um único local e seus arredores", explicou o coautor Troels Arbøll, da Universidade de Oxford.

O projeto não só lança uma nova luz sobre como era o mundo ao redor dos antigos assírios e sobre as espécies de plantas que estiveram presentes na região há milhares de anos, como também demonstrou uma técnica capaz de desvendar segredos escondidos em objetos. Uma vez que a argila é um elemento comum em vários sítios arqueológicos, muitos dados podem ser futuramente obtidos dessa forma.

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