Artes/cultura
10/09/2023 às 03:00•2 min de leitura
A presença de bactérias na urina representa um alerta de possível infecção? Não é possível negar isso, no entanto, a ideia que a urina seja estéril e totalmente livre da presença de bactérias, apesar de ter sido defendida por muito tempo, já tem sido rebatida.
Um estudo publicado no Journal of Clinical Microbiology, em 2014, veio para desmistificar muito do que até então se acreditava acerca desse assunto. Inovadora, a pesquisa fez uso de uma cultura de urina diferente para rastrear a presença de bactérias, evidenciando que os métodos até então adotados eram ineficientes nesse sentido.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O estudo mostra que a bexiga feminina, diferente do que muitos pensavam, apresenta uma comunidade de bactérias em seu interior. Ou seja, na prática, acontece o mesmo que já é observado em outros órgãos do corpo humano.
Isso significa, portanto, que a urina também conta com a presença de bactérias variadas e não seja estéril, mesmo entre pessoas saudáveis. Como prova disso, das 65 amostras de urina analisadas pelos pesquisadores, 52 tinham presença de bactérias, representando um total de 80%.
Inclusive, dentre as 85 espécies diferentes de bactérias identificadas, está o famoso Lactobacillus, que é encontrado tanto no intestino, quanto na vagina, por exemplo. Outro estudo, publicado no The Journal of Urology, em 2015, que trata do microbioma urinário em mulheres na pós-menopausa, aponta na mesma direção.
Nele, também é registrada a presença de bactérias no interior da bexiga mesmo quando não há um quadro de infecção estabelecido. Em suma, a conclusão que a urina apresenta bactérias não se trata de uma exceção.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
E apesar dessas constatações indicarem que ainda há muito que se aprender sobre as comunidades bacterianas no interior do corpo humano, já é possível derrubar alguns mitos envolvendo o xixi. Isso porque, além de darem por certa a sua esterilidade, ainda há quem diga que, num cenário pra lá de hipotético, na falta de água, a melhor saída é beber a própria urina.
O problema é que não há qualquer evidência que isso possa trazer benefícios. Afinal, trata-se de um material que já foi expelido pelo organismo — e que apresenta também expressiva quantidade ureia e sais, estes últimos sendo responsáveis por causar um efeito oposto ao da hidratação. E na ocorrência de doenças, os patógenos podem acabar saindo pela urina. Definitivamente, não parece ser a melhor opção.
Observar a aparência do xixi, por outro lado, parece ser a escolha mais acertada para praticar no dia a dia, uma vez que a urina reflete nossos hábitos alimentares, mas também pode indicar que algo não vai bem. Por exemplo: se o xixi está com um tom amarelado mais claro e transparente, significa que a ingestão de água está dentro do recomendado.
Quando ele se apresenta num tom de amarelo mais forte, é um sinal que é melhor beber mais água. Se a urina estiver em tons mais escuros, como laranja, ou avermelhada, é recomendável procurar um médico para investigar a causa.