Ciência
06/09/2023 às 13:00•2 min de leitura
Plantas emitem diversos sinais quando algo não vai bem, seja com folhas murchas quando falta água; seja por meio de outras mudanças na cor, cheiro e forma. E segundo um estudo publicado na revista Cell em março deste ano, as plantinhas também emitem sons quando estão fragilizadas de alguma forma. Você consegue imaginar isso?
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores observaram o comportamento de pés de tomate e tabaco. As plantas foram observadas em diferentes situações, e claro, a tecnologia deu aquela forcinha.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Estudiosos fizeram uso de um modelo de aprendizado de máquina para analisar detalhes acerca das plantas, identificando, por exemplo, o nível de desidratação e o respectivo som emitido nesse cenário.
Durante os experimentos, plantas foram analisadas em seu estado normal, sob estresse hídrico ou após terem o caule cortado. E além de realizar o teste em uma câmara acústica, as plantas foram monitoradas no interior de uma estufa, local onde outros ruídos ambiente podem ser percebidos.
Apesar de ainda não ser possível explicar por que as plantas gritam, existe a suspeita que exista relação com o processo de cavitação ocorrido em vegetais: nele, bolhas de ar se formam no interior do xilema, o tecido vegetal encarregado de distribuir água e sais minerais. Essas bolhas provocam vibrações em sua superfície, gerando os estalos.
Esse som, apesar de não ser emitido em uma frequência que os seres humanos possam ouvir, é um indicativo que as plantas possuem outras formas de interagir com o meio ambiente — seja isso proposital ou apenas uma mera reação. Além disso, os sons variam a depender do cenário e da espécie vegetal, facilitando a sua interpretação.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Pesquisadores ainda identificaram que plantas sob estresse emitem mais sons do que as espécies vegetais que estejam em equilíbrio, no grupo de controle. Inclusive, na análise ocorrida na estufa, os sons ambientes foram filtrados, e ainda assim foi possível diferenciar plantas sob estresse das demais por meio do ruído emitido.
Ao deixar os pés de tomate sem rega por vários dias consecutivos, estudiosos notaram que os "gritos" apresentaram um padrão expressivo, ocorrendo 35 vezes por hora. As plantas irrigadas, por sua vez, estalaram apenas uma vez por hora.
No experimento, o estalo ocorreu de forma recorrente ao longo de quatro ou cinco dias em que a planta estava sem água. No entanto, essa ocorrência vai diminuindo. Após esse período, quando há um quadro mais severo de desidratação, as plantas apresentam um pico na emissão de ruído durante as primeiras horas do dia. Mas à medida que o período da tarde avança, por volta das 16h, a emissão desse alerta diminui.
Essa descoberta se mostra importante, considerando que podem ser detectados por dispositivos específicos, a exemplo do modelo que foi adotado no próprio estudo. Dessa forma, seria possível promover um melhor cultivo de diferentes espécies, identificando eventuais problemas que as plantas tenham antes que eles se agravem.