Ciência
25/09/2023 às 13:00•2 min de leitura
Um estudo liderado por Benjamin Mayne, da Indian Ocean Marine Research Centre, na Austrália, conduziu testes para desenvolver um exame menos invasivo para detectar a idade de peixes. Um dos peixes examinados foi Matusalém, um dipnoico (Neoceratodus foresteri) que está desde 1938 no Aquário Steinhart, em São Francisco, nos Estados Unidos. Ele já era considerado o peixe de aquário mais velho do mundo, mas acabou ganhando uns anos a mais. Sua idade, antes estimada em 84 anos, agora foi considerada entre 92 e 101 pelo teste mais preciso.
Matusalém sendo alimentado no Steinhart Aquarium. (Fonte: YouTube - California Academy of Sciences / Reprodução)
Matusalém é um Dipnoico, um peixe bastante raro que na natureza só existe em duas bacias hidrográficas na Austrália. Ele foi levado aos Estados Unidos em 1938, com outros 231 animais de diferentes espécies da Austrália e de Fiji. Na época de sua chegada, não havia meios para definir a sua idade, ele foi o único sobrevivente. Ao longo dos anos, ganhou notoriedade pela sua longevidade — que lhe rendeu seu nome, em homenagem ao personagem bíblico que, supostamente, viveu mais de 900 anos. Além disso, Matusalém conquistou a todos se mostrando bastante dócil e adorando receber carinho na barriga.
Os dipnoicos são bastante curiosos por uma capacidade incrível, eles fazem parte dos sarcopterígios, peixes que podem ter pulmões facultativos. No caso dos dipnoicos, além do sistema braquial, eles tem pulmões funcionais que são usados quando o nível de oxigênio da água está baixo. Além disso, podem sobreviver por algum tempo fora da água desde que continuem úmidos.
Eles são considerados fósseis vivos, o que significa que são grupos de animais com parentes extintos conhecidos apenas por registros fósseis, mas que ainda têm representantes vivos hoje em dia. Fósseis de peixes pulmonares similares ao dipnoico existem e são datados de pelo menos 380 milhões de anos.
Os fósseis ajudam os cientistas a entender como os peixes pulmonados evoluíram ao longo do tempo e como eles estão relacionados aos primeiros vertebrados terrestres.
Dipnoicos têm o maior genoma entre todos os vertebrados. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Até pouco tempo, os métodos de coleta de DNA para exames de idade dos peixes eram bastante invasivos e podiam danificar os peixes, colocando sua vida em risco. Para fazê-lo, era preciso retirar pequenas amostrar de ossos do órgão similar ao ouvido dos peixes. O novo estudo introduz um exame cujas amostras vem de um pequeno fragmento da barbatana.
A pesquisa coletou amostras de outros 32 peixes pulmonares na Austrália e nos Estados Unidos. Os resultados vão ajudar a entender a vida da espécie e como a perda da qualidade de seu habitat pode colocar sua existência em risco.