Macacos têm marcado mais territórios devido à poluição sonora

28/09/2023 às 13:002 min de leitura

Numa realidade onde o mundo é cada vez mais barulhento, alguns primatas têm ultrapassado limites para serem notados. Um novo estudo publicado na revista Ethology Ecology & Evolution descobriu que os micos sauim-de-coleira, naturais do Brasil, usam marcas de cheiro para se comunicarem com mais frequência — uma vez que a poluição sonora causada pelos humanos interfere na comunicação vocal da espécie. 

O sauim-de-coleira é um macaco de 27 a 30 cm de comprimento, com corpos peludos e rostos nus. A espécie está atualmente listada como "criticamente ameaçada" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Mas como esses micos estão driblando a poluição sonora humana para sobreviver?

Habitat poluído

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Macacos como o sauim-de-coleira vivem em uma área geográfica muito estreita no Brasil. A maior parte do seu território agora encontra-se na cidade de Manaus, a capital do estado do Amazonas, com uma população de cerca de 2,6 milhões de habitantes. A expansão da cidade restringiu grupos individuais de macacos a pequenas áreas cercadas por espaços urbanos barulhentos.

No entanto, a comunicação é algo fundamental para a sobrevivência desses macacos, o que significa que a poluição sonora na região tem atrapalhado os chamados vocais dessas criaturas. Por conta disso, essa espécie aprendeu a produzir várias marcas de cheiro para enviar mensagens aos seus parceiros.

As marcações olfativas têm diversas funções, incluindo repassar informações territoriais e reprodutivas. E como isso funciona? O sauim-de-coleira tem glândulas especiais acima dos órgãos genitais e perto do estômago que emitem esses aromas. Essa não é uma prática exclusiva deles: felinos domésticos e selvagens, por exemplo, podem usar um spray pungente para marcar território, assim como cães, pandas-vermelhos e outros mamíferos.

Adaptação à nova realidade

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Em um novo estudo realizado pela Universidade Federal do Amazonas e pela Universidade Anglia Ruskin, da Inglaterra, pesquisadores analisaram o comportamento de nove grupos separados de sauim-de-coleira selvagens. Eles acompanharam cada grupo por 10 dias usando rastreamento por rádio e a fonte mais comum de ruído antropogênico foi o tráfego rodoviário.

A poluição sonora também podia ser registrada nas ações de visitantes do parque, aeronaves e atividades militares. Os cientistas descobriram que a frequência da marcação olfativa aumentava diretamente em relação aos níveis de decibéis observados pelos macacos na região. Isso sugere que esse hábito está sendo usado com mais frequência à medida que a comunicação vocal dos micos se torna mais abafada pelo ruído humano. 

“Os humanos contribuíram com muitos estímulos adicionais para as paisagens sonoras com as quais os animais evoluíram para lidar, e o ruído antropogênico está cada vez mais abafando os sons naturais”, destacou o coautor do estudo e pesquisador da Universidade Anglia Ruskin, Jacob Dunn.

Para Dunn, o aumento do uso de marcação de cheiro pelos sauim-de-coleira provavelmente será uma resposta flexível a essa mudança ambiental. Esse é um resultado intrigante, uma vez que mostra como a espécie tem se adaptado para sobreviver.

Fonte

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