Estilo de vida
16/10/2023 às 13:00•2 min de leitura
Aquela noção difundida de que provavelmente sabemos mais do universo do que sobre nossos próprios mares e oceanos não é tão absurda quanto parece. Prova disso é que um gigantesco reservatório subterrâneo de água foi revelado recentemente abaixo do oceano Pacífico.
A Nova Zelândia está sendo o palco dessa descoberta. Segundo pesquisadores de geofísica da Universidade do Texas (UTIG), a exploração que culminou nessa constatação ocorreu em meio a investigações que buscavam entender a presença de "tremores em câmera lenta". Apesar de relativamente mais fracos e, portanto, não gerarem danos expressivos, eram recorrentes na região e podiam perdurar por dias, ou mesmo semanas.
A zona de subducção de Hikurangi, na Nova Zelândia, foi palco de uma descoberta. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Conhecer a zona de subducção de Hikurangi, na Nova Zelândia, onde as placas tectônicas se encontram, era um imperativo, portanto. Ao prosseguirem com a análise das imagens sísmicas do local, veio a surpresa: um reservatório de água de grandes dimensões foi revelado no interior das rochas.
Curiosamente, a quantidade de água representava quase metade do volume da área vulcânica estudada. Para ser mais exato: as rochas são compostas por 47% de água. Em suma, apesar de ainda não ser possível explicar quais efeitos a falha geológica exerce, já é possível observar que há uma grande quantidade de água presente.
A descoberta dessa reserva, por outro lado, pode fornecer uma explicação razoável para a ocorrência dos chamados terremotos de deslizamento lento. Consegue imaginar como isso ocorre?
As rochas presentes que contêm grande volume de água estão parcialmente soterradas na falha geológica. E segundo o estudo, os fluidos presentes estariam amortecendo os terremotos de alguma forma.
A reserva de água está localizada a três quilômetros abaixo do nível do mar, na costa da Nova Zelândia. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Em outras palavras: a rocha desempenha um papel crucial à medida que ocorre o movimento de subducção das placas, e por sua vez, ela atenua parte dos abalos sísmicos ocorridos na região da falha geológica. Considerando ainda que os deslizamentos lentos são pouco conhecidos pela comunidade científica, fica ainda mais evidente a importância de explorar o local.
Crentes dessa possibilidade, os pesquisadores devem conduzir novas investigações nessa falha geológica. Para Demian Saffer, coautor do estudo, "outras falhas sísmicas em todo o mundo podem estar em situações semelhantes".
Ainda segundo ele, apesar de se tratar de uma correlação estabelecida por meio de simulações, há poucos experimentos que oferecem uma visão detalhada de como isso se dá numa escala maior.
O estudo foi publicado na Science Advances e, apesar de fornecer informações muito importantes, ainda deixou um ar de curiosidade acerca de futuros estudos sobre esse tema — afinal, pode ser um caminho importante para entender como abalos sísmicos de grande escala podem ter seus efeitos atenuados.