Ciência
19/10/2023 às 10:00•2 min de leitura
A Corrente do Golfo está definitivamente enfraquecendo, é o que diz um novo estudo publicado na revista Geophysical Research Letters. O fluxo de água quente através do Estreito da Flórida diminuiu 4% nas últimas quatro décadas, o que apresenta graves implicações para o clima mundial.
Isso porque a corrente oceânica começa perto da Flórida e percorre um cinturão de água quente ao longo da costa leste dos Estados Unidos e do Canadá antes de cruzar o Atlântico para a Europa. O calor transportado por esse fluxo é essencial para manter as condições temperadas e regular o nível do mar.
(Fonte: GettyImages)
De acordo com os pesquisadores, o novo estudo é a evidência mais forte e definitiva que nós temos do enfraquecimento da Corrente do Golfo em toda a história. Esse fluxo de água oceânico é apenas um pequeno componente da circulação termoalina — uma correia transportadora global de correntes oceânicas que transportam oxigênio, nutrientes, carbono e calor para todo o planeta.
Começando no Caribe, antes de fluir para o Atlântico através do Estreito da Flórida, a Corrente do Golfo traz águas mais quentes do sul em direção ao norte para esfriar e afundar no oceano. Depois de descer profundamente e libertar seu calor para a atmosfera, a água desloca-se lentamente para o sul, onde aquece novamente e seu ciclo se repete.
Esse é um processo vital para manter as temperaturas e os níveis do mar em toda a costa leste dos EUA. À medida que a Terra aquece, um enorme influxo de água fria e doce proveniente do derretimento das calotas polares está se derramando nos oceanos, fazendo potencialmente com que a Corrente do Golfo diminua ou até mesmo entre em colapso total.
(Fonte: GettyImages)
Embora o aquecimento global seja um agravante para essa equação, os pesquisadores do Instituto Oceanográfico Woods Hole envolvidos no estudo têm encontrado dificuldade em provar a influência desse processo no fenômeno. Para encontrar provas definitivas de que a Corrente do Golfo está diminuindo, os cientistas analisaram dados abrangendo 40 anos de três fontes distintas.
A análise estatística revelou que a corrente tinha diminuído em 4%, com apenas 1% de probabilidade de sua medição ser um acaso resultante de flutuações aleatórias. À primeira vista, essa mudança pode parecer minúscula. Contudo, existe um grande receio de que esse seja apenas o começo lento de algo maior que ainda está por vir.
Na tentativa de achar provas definitivas de que as alterações climáticas são as culpadas por esse processo, os investigadores terão de desvendar as diferenças entre a variabilidade natural dos sistemas oceânicos e o impacto causado pelo aquecimento global. Essa tarefa pode ser um tanto quanto complicada, dado o tempo relativamente curto que os humanos têm medido diretamente os fluxos oceânicos de forma detalhada.