Ciência
26/10/2023 às 11:00•2 min de leitura
Os cães da raça golden retriever são campeões no quesito simpatia. Com um jeito alegre, eles rapidamente contagiam o ambiente, fazendo com que sejam considerados, além de inteligentes e ágeis, alguns dos cães mais dóceis, prestativos e fáceis de educar.
Por outro lado, não significa que os goldens, assim como todos os outros cachorros, independente da raça, não exijam uma série de cuidados no dia a dia. Afinal, o objetivo de seus amigos humanos é que o animal peludo viva por muitos anos.
Em geral, um golden retriever vive entre 10 e 12 anos. E com o objetivo de investigar mais sobre a longevidade dessa raça bastante popular, um novo estudo publicado na revista GeroScience chegou a conclusões interessantes.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Apesar da incidência de câncer ser considerável entre os goldens, alcançando uma taxa de mortalidade de até 65%, ainda há muitos que vivem até os 15 ou 16 anos de idade. Isso sem falar em alguns casos famosos, como o do golden mais velho do mundo.
Intrigados, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, foram investigar se havia algo diferente no DNA dos cães que viviam mais. E foi constatado que de fato há um fator genético que está relacionado com essa diferença e fazia com que eles vivessem até os 13 anos e meio.
Para investigar essa possibilidade, foram analisados 304 goldens, e assim foi possível comparar o material genético dos mais saudáveis com o daqueles que não chegaram a completar os 12 anos de idade.
A descoberta é que o gene HER4 (ou ERBB4), presente em uma família de proteínas bastante conhecida, foi associado a uma elevação de quase dois anos na expectativa de vida do golden retriever, uma vez que tenha sido transmitido a ele.
Na presença de um determinado gene, cães viveram, em média, até os 13 anos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Pesquisadores acreditam ainda que essa variante tende a interagir mais com o estrogênio, o que poderia beneficiar mais as fêmeas do que os machos dessa raça. Além disso, Robert Rebhun, que é coautor do estudo, destacou outro potencial benefício da pesquisa em comunicado:
“Se descobrirmos que esta variante no HER4 é importante na formação ou progressão do câncer em golden retrievers, ou se pode realmente reduzir o risco da doença nesta população predisposta a formação de tumores malignos, isso pode ser algo que poderá ser usado em futuros estudos sobre câncer em humanos”, disse ele.
Apesar das evidências encontradas, ainda é preciso seguir com cautela. O próprio estudo destaca que a ausência de um conjunto mais robusto de dados, por exemplo, impede identificar quais cães foram castrados e quando.
Esse motivo, por si só, já impede a obtenção de informações sobre a exposição hormonal ao longo da vida em cada um dos goldens. Além disso, para compreender mais acerca da atuação desse gene, ainda será necessário conduzir outros estudos.