Ciência
21/11/2023 às 12:00•2 min de leitura
Em se tratando da linha evolutiva das aves, apesar das evidências reunidas ajudarem na compreensão de como elas evoluíram e se espalharam pelo planeta, ainda há muitas lacunas em relação a registros mais antigos relacionados a era mesozoica na Austrália, que são escassos.
Mas um estudo publicado na revista Plos One indica que essa perspectiva mudou a partir da descoberta das pegadas mais antigas já documentadas na região. Ao todo 27 rastros foram alvo de um processo de análise cuidadoso.
Estudo reuniu evidências das rotas de aves migratórias que habitavam a Austrália há 120 milhões de anos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O trabalho de mapeamento e identificação ocorreu entre os anos de 2020 e 2022. Uma vez iniciada a análise, a partir da constatação que as aves habitaram a região num dado período e que havia diversidade de espécies, ainda foi necessário diferenciar as pegadas de aves dos rastros que foram deixados por dinossauros de menor dimensão.
O que surpreende é o fato das pegadas serem de 120 milhões de anos atrás, do início do Cretáceo. Em outras palavras: elas são mais antigas do que qualquer fóssil de aves, assim como penas, já localizados em território australiano. Elas permitem aos pesquisadores dar um passo adiante na compreensão sobre a forma como antigos pássaros viviam e como eles interagiam com o ambiente.
Os rastros fornecem informações sobre um período em que a Austrália estava numa localização diferente da atual, uma vez que naquele período a fragmentação da Gondwana, uma gigante faixa de terra, já tinha iniciado, resultando na posterior formação dos continentes. Situada mais ao sul, ela estava ligada a regiões que hoje correspondem a Antártica.
Imagem mostra dois rastros que foram analisados por pesquisadores. (Fonte: Plos One/Reprodução)
A análise dos sedimentos presentes ainda revela que aquela antiga porção australiana era dominada por um clima frio e mesmo com menor incidência de luz solar durante o inverno. Ainda assim, aves migratórias eram atraídas para lá.
Pesquisadores acreditam que essas aves do período cretáceo, que circulavam em grande número, costumavam vir de áreas mais ao norte da Gondwana, visitando o entorno dos rios da região ao longo do verão polar e deixando suas marcas em áreas que sofriam o degelo.
Essas particularidades facilitaram a identificação das marcas deixadas pelos animais enquanto os sedimentos se acumulavam como passar do tempo. As aves viajavam em busca de alimento assim como as da nossa era o fazem, o que é reforçado pela presença de tocas de animais invertebrados que foram descobertas presentes próximas aos rastros e evidenciam que as aves se alimentavam nesses ambientes.