Ciência
27/11/2023 às 09:00•2 min de leitura
A Colômbia iniciou uma nova fase de esterilização dos hipopótamos que pertenciam ao traficante Pablo Escobar, neste mês de novembro. O objetivo é frear o crescimento acelerado da manada, situação que pode causar sérios impactos ambientais no país.
Composto atualmente por 170 animais, o grupo que vive nas proximidades da Hacienda Nápoles é descendente dos quatro primeiros mamíferos que chegaram à região na década de 1980. Eles foram importados ilegalmente pelo então chefe do Cartel de Medellín para seu zoológico particular.
Estimativas do governo colombiano apontam que a manada pode ter 1 mil indivíduos em 2035, caso não sejam tomadas medidas para controlar a reprodução. Com uma população deste tamanho, há riscos para ecossistemas frágeis da região, destruição de espécies vegetais nativas e poluição da água, devido à enorme quantidade de fezes.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Territorialistas, os hipopótamos também representam perigo para as comunidades vizinhas. Apontado como o mamífero terrestre mais mortal, ele está envolvido em cerca de 500 mortes por ano na África.
Para controlar o crescimento do grupo, foi iniciado um novo plano de emergência que inclui a esterilização, a relocalização e, em alguns casos, até a eutanásia. Essencial para a estratégia, a esterilização é uma tarefa complicada, pois exige sedar os gigantes que pesam até 3,5 toneladas.
Isso inclui dardos tranquilizantes para atravessar os 5 cm de espessura da pele do hipopótamo, mas antes é necessário encontrar o animal, conhecido por passar a maior parte do dia na água. Após a anestesia, a cirurgia deve ser feita no local em que o mamífero adormecer, dificultando achar a posição ideal para a operação.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Como os órgãos reprodutivos se localizam internamente, o procedimento é invasivo e exige uma equipe com oito pessoas, em média, entre veterinários, técnicos e pessoal de apoio. O trabalho costuma durar entre seis e oito horas e já foi realizado anteriormente com parte do rebanho, em 2021.
Outra dificuldade para esterilizar os hipopótamos de Pablo Escobar é o preço, já que cada operação tem um custo médio de US$ 10 mil, de acordo com o governo colombiano, o equivalente a R$ 49 mil pela cotação do dia. As autoridades planejam realizar a cirurgia em 40 animais a cada ano.
Com uma fortuna de US$ 3 bilhões, o traficante colombiano gastava parte do dinheiro com algumas extravagâncias. Uma delas foi o zoológico em sua casa, que chegou a ter girafas, elefantes, rinocerontes, pássaros exóticos e um pequeno grupo de hipopótamos, formado por três fêmeas e um macho.
Ele, que chegou a controlar 80% da cocaína que entrava nos Estados Unidos nos anos 1980, morreu durante tiroteio com a polícia em 1993. Depois disso, a luxuosa residência foi abandonada, com os animais que não morreram sendo levados para zoológicos, exceto os hipopótamos, liberados na área da Hacienda Nápoles.