Artes/cultura
14/12/2023 às 13:00•2 min de leitura
Durante a corrida espacial, nos anos 1950, a Lua era um dos principais objetivos. Desde que a União Soviética pousou por lá a nave Luna 2, em 1959, o solo lunar nunca mais foi o mesmo. Nosso satélite natural passou um tempo esquecido, mas novas missões espaciais novamente têm a Lua como principal foco.
Mesmo sem grande destaque nos últimos anos, os cientistas são unânimes em defender que a Lua passa por uma nova fase, na qual sua geografia é moldada principalmente por ações humanas. Naves acidentadas, equipamentos obsoletos, obras de arte e até fezes podem ser encontradas no satélite, mas a tendência é que isso piore consideravelmente nas próximas décadas.
Essa nova época, chamada de Antropoceno Lunar, começou justamente com a chegada da Luna 2. “A ideia é praticamente a mesma que a discussão do Antropoceno na Terra – a exploração de quanto os humanos impactaram o nosso planeta”, explica Justin Holcomb, geoarqueólogo planetário da Universidade do Kansas, que defende a teoria de que a Lua passa por uma nova fase.
Exploração da Lua já deixou diversos vestígios no satélite. (Foto: Pixabay)
O Antropoceno Terrestre teria começado em 1800, segundo o químico holandês Paul J. Crutzen, juntamente com o início da sociedade industrial. Porém, ele foi definido muito tempo depois, evitando a propagação massiva dos danos. Assim, a definição relativamente recente do Antropoceno Lunar pode gerar mais ações que mitiguem o impacto humano no satélite.
“Os processos culturais estão começando a superar o contexto natural dos processos geológicos na Lua”, analisa Holcomb. A intensa quantidade de lixo espacial na órbita da Terra, bem como aqueles que estão em solo lunar, mostra que o ser humano tem um potencial destrutivo muito grande.
Normalmente, o solo lunar é modificado por meio de impactos de meteoróides e movimentação de massas. “No entanto, quando consideramos o impacto de rovers e landers e o movimento humano, eles perturbam significativamente o regolito (sedimentos lunares). No contexto da nova corrida espacial, a paisagem lunar será totalmente diferente em 50 anos”, complementa o geoarqueólogo.
As reservas de gelo são alguns dos principais pontos de atenção. Afinal, elas podem ser fundamentais para uma eventual colonização da Lua. E isso, é claro, começou com um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade.
“Como arqueólogos, percebemos as pegadas na Lua como uma extensão da viagem da humanidade para fora de África, um marco fundamental na existência da nossa espécie”, diz Holcomb.
Caminhar e até habitar a Lua parecem destinos naturais do ser humano. Porém, é importante que isso seja feito sem esgotar os recursos naturais e mitigando os impactos negativos desde o início da eventual colonização do satélite.
Pegada de Buzz Aldrin na Lua. (Foto: Wikimedia Commons)