Conheça a estrela-do-mar-granulada e sua aparência, digamos, 'sugestiva'

Uma estrela-do-mar que vive nas águas tropicas do Indo-Pacífico está ganhando notoriedade incomum nas redes sociais em comunidades on-line batizadas de r/mildlypenis, r/intentionallypenis e r/oddlyarousing. De acordo com os participantes, cada braço do equinodermo lembra um pênis.

No entanto, para restaurar a realidade biológica do ser marinho, é bom que se diga que ele não é um combo de pênis como andam publicando, mas um indivíduo classificado como Choriaster granulatus, ou simplesmente estrela-do-mar-granulada.

Bem maior que suas amiguinhas estreladas, a C. granulatus chega a ter um diâmetro de mais de meio metro. Ela adora passear sobre águas quentes ou refrescantes em superfícies de todos os tipos, sejam rochosas, arenosas e até mesmo em corais costeiros. As estrelas granuladas geralmente andam sozinhas, mas ocasionalmente aparecem em bandos. 

Características da estrela-do-mar-granuladas

(Fonte: Tonydiver via iNaturalist)

Esses animais marinhos são carnívoros com bocas escondidas debaixo de seus corpos com consistência de uma massinha de modelar. Isso lhes valeu também o apelido de “Pillsbury Doughboy”, o boneco fofo da famosa empresa de alimentos norte-americana, que, no Brasil, fabrica o pão de queijo Forno de Minas.

A Choriaster se alimenta projetando o estômago para fora da boca, em cima do alimento, que é digerido e absorvido fora do corpo. Seu cardápio é variado e inclui pequenos invertebrados, como pólipos de coral, e até mesmo carniça. 

Embora apresente um belo gradiente de cores que vão do rosa pálido ao vermelho, essas estrelas-do-mar têm hábitos noturnos e, durante o dia, geralmente se entocam em cavidades ou fendas do seu ambiente. 

Onde é a cabeça da estrela-do-mar

(Fonte: Getty Images)

Com a popularidade que vêm conquistando nas redes sociais, é natural que algumas curiosidades começassem a surgir como, por exemplo, onde é a cabeça e onde é a cauda da C. granulatus. O assunto rendeu até um estudo, realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, e publicado na revista Nature em novembro de 2023.  

Para identificar a cabeça real do equinodermo, os cientistas usaram uma combinação de técnicas de imagem para criar um atlas em 3D que retratasse a expressão genética do animal. Para isso, os autores compararam os resultados de uma a microtomografia computadorizada com tomografia do RNA, para saber quais genes estavam agindo, e onde.

As análises mostraram que a cabeça de uma estrela-do-mar é um conjunto de regiões semelhantes a cabeças distribuídas no centro do seu corpo e no centro de cada um dos seus cinco membros. “É como se a estrela-do-mar estivesse completamente sem tronco e fosse melhor descrita como apenas uma cabeça rastejando ao longo do fundo do mar”, conclui o autor principal do estudo, Laurent Formery.