Saúde/bem-estar
04/11/2014 às 08:11•2 min de leitura
Precisão é a palavra de ordem quanto o assunto é medir o tempo. Para garantir a contagem de tempo oficial dos Estados Unidos, por exemplo, um relógio construído na cidade de Boulder, no Colorado, usa a oscilação dos átomos de césio para contar 0,0000000000000001 segundo por vez – sim, são 15 zeros depois da vírgula. A previsão é que ele funcione nesse nível de detalhamento por 300 milhões de anos. Se isso não for o bastante para te impressionar, saiba que há um outro equipamento que coloca esse relógio no chinelo.
Em outra sala do mesmo laboratório em Boulder, um novo tipo de relógio se mostra ainda mais preciso e garante funcionamento excepcional por cerca de cinco bilhões de anos – que é basicamente a idade do nosso jovem planeta Terra. Diferente de seu irmão mais velho, porém, o visual do novo ápice da tecnologia relacionada ao tempo não é nada profissional, parecendo mais um projeto escolar de ciências.
“O laboratório que o abriga é puro caos. Fios pendem do teto e se espalham pelas mesas. Clipes mantêm tudo agrupado. Na verdade, esse nó de fios e lasers é o relógio em si. Espalhado em uma mesa gigante, com partes dele embaladas no que parece ser papel alumínio”, descreve Geoff Brumfiel, que visitou o local recentemente.
Em vez de usar o tradicional césio para medir o tempo, esse novo relógio tem em seu interior um elemento chamado estrôncio. Em uma pequena câmara dentro da estrutura caótica do equipamento, o estrôncio é suspenso em uma treliça de feixes de laser cruzados e, então, estimulado pelos pesquisadores. O elemento vibra em uma frequência extremamente alta e regular, fazendo com que seja menos suscetível a interferências externas.
Esse novo aparelho é tão preciso que pode acabar causando mais confusão do que ajudando a medir corretamente a passagem de tempo. Isso se dá porque a gravidade afeta a velocidade com que o tempo corre, fazendo com que ele seja diferente para pessoas que estão ao nível do mar em relação a quem esteja no topo do Monte Everest, por exemplo.
Geralmente essa diferença é imperceptível, mas, para o relógio baseado em estrôncio, basta erguê-lo alguns centímetros para que ele sinta a variação e a maior velocidade com que o tempo passa. Quando variações mínimas assim podem ser levadas em conta, como escolher qual o tempo correto para nós aqui na Terra? Para alguns profissionais, o único modo seria colocar o relógio orbitando no espaço, longe de interferências no planeta.
Para o pesquisador Tom O'Brian, os cientistas podem usar o equipamento para analisar diversos outros tipos de eventos. A sensibilidade extraordinária dele pode permitir que o interior da Terra seja mapeado, ajudar a encontrar água e outros recursos subterrâneos ou detectar até ondas gravitacionais vindas de buracos negros. Com tudo isso em jogo, por que medir tempo, mesmo, não é?