Ciência
15/04/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 15/04/2024 às 18:00
Em 2015, quando 195 países assinaram o Acordo de Paris da ONU, foi firmado um compromisso que determinava a adoção de medidas para frear as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável. Tal esforço era encarado como o mínimo necessário para limitar o aumento das médias de temperatura em 1,5 °C até 2050.
Seria natural pensar que, apesar de se desdobrar em uma transição gradual, algum avanço poderia ser percebido após mais de sete anos. No entanto, um relatório divulgado pela organização sem fins lucrativos Influence Map aponta que há um cenário crítico envolvendo a emissão de poluentes.
O documento destaca que as emissões de gás carbônico seguem aumentando no planeta. Dentro do período estudado, de 2016 a 2022, foi percebido que apenas 57 empresas respondem por 80% das emissões mundiais. Historicamente, dentre as organizações privadas, a Chevron, ExxonMobil e a British Petroleum (BP) são as que apresentaram as maiores emissões nas últimas décadas.
Entre as estatais, temos a Saudi Aramco, Gazprom e a National Iranian Oil Company como as principais contribuintes. A produção de carvão da China e da extinta URSS também foram elencadas quando consideradas no longo prazo. Além disso, a Ásia foi o continente que apresentou a maior proporção de empresas: 13 das 15 companhias figuram entre as principais poluentes, o que corresponde a 87% do total.
No Oriente Médio, 7 em cada 10 empresas aderem a tais práticas, totalizando 70%. Já na Europa, a proporção é de 57%, com 13 das 23 companhias. Na América do Sul, por sua vez, 3 das 5 empresas foram apontadas, alcançando 60%. E na América do Norte, 16 das 37 corporações foram associadas à emissão de poluentes, valor que corresponde a 47%.
Tais atividades, provenientes de combustão de fósseis e também da indústria de cimento, conferem um caráter bastante crítico para a questão climática. Isso considerando que quando se debate esse tema, países que passaram por um processo de industrialização tardio (após a Segunda Guerra Mundial), e que figuram como as economias do Sul Global, argumentam que historicamente foram prejudicados.
Nesse sentido, esse grupo entende que se medidas de cunho ambiental forem aplicadas exatamente da mesma forma que nos países mais desenvolvidos, do Norte Global, isso tenderia a ampliar as desigualdades. Mas vale destacar que os países que não apresentam uma economia tão fortalecida são justamente os mais vulneráveis às mudanças climáticas, uma vez que desfrutam de menos recursos para atenuar os eventuais danos sofridos e de responder aos desafios.
Segundo o relatório, esse aumento nas emissões de CO2 tem ocorrido juntamente desde 2016, e que as metas adotadas não teriam surtido o efeito esperado, portanto. Inclusive, em se tratando da produção de energia, as emissões de poluentes atingiram nível recorde em 2023, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).
Se por um lado o relatório sugere como ainda há muito a ser feito, por outro, também destaca a responsabilidade que essas organizações partilham. Afinal, enquanto as mudanças climáticas evoluem, elas demonstram como a ação de um grupo afeta de forma direta e indireta a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.
A conclusão é que, mais do que nunca, uma transição energética rápida se faz necessária, principalmente quando se torna cada vez mais evidente que as instabilidades de ordem econômica, social e climática tendem a estar cada vez mais relacionadas.