Ciência
19/11/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 19/11/2024 às 18:00
No mundo natural, envelhecer e morrer parece um destino inevitável para qualquer criatura. Mas, como em toda regra, há exceções — animais que, de alguma forma, escapam da senescência, o processo de envelhecimento biológico. Curiosamente, esses animais têm características diversas, sendo uns bastante pequenos enquanto outros são gigantescos. É a natureza mostrando todas as suas cartas.
A Hydra vulgaris, com apenas um centímetro, é um mistério biológico. Suas células-tronco se renovam constantemente, reconstruindo o organismo a cada vinte dias e evitando o envelhecimento. Embora possam morrer de doenças, fome ou predação, essa ausência de envelhecimento as torna quase "imortais".
Diferente das células humanas, que eventualmente param de se dividir, as células da hidra são renovadas sem qualquer sinal de desgaste, o que permite ao animal evitar os efeitos do envelhecimento. Após diversos estudos, alguns cientistas chegaram à surpreendente conclusão de que, na ausência de fatores externos, elas realmente poderiam viver indefinidamente.
Outro fascinante exemplo vindo das águas é o tubarão-da-Groenlândia (Somniosus microcephalus), o vertebrado mais longevo conhecido. Este gigantesco tubarão, que pode viver até 400 anos, habita as águas frias do Ártico e tem um metabolismo incrivelmente lento. Esse ritmo reduzido de vida pode ser um dos motivos de sua longa existência.
Junto ao metabolismo lento, os cientistas descobriram que o DNA desses tubarões possui uma capacidade notável de autorreparação, com genes duplicados que ajudam a evitar mutações que, em outros animais, causariam doenças ou envelhecimento. Mas eles não se limitam a viver muito tempo — esses tubarões demoram 150 anos para atingir a maturidade sexual, prolongando sua juventude por um período que equivale a várias gerações humanas.
Além desses animais, algumas tartarugas e cágados podem quase interromper o envelhecimento, vivendo muito além do esperado para seu tamanho. No entanto, esse efeito depende do ambiente: em cativeiro, envelhecem lentamente, enquanto na natureza enfrentam desafios que limitam sua longevidade.
Alguns dos “imortais” da natureza vivem suas longas vidas de maneira peculiar. A “água-viva imortal”, conhecida como Turritopsis dohrnii, tem a capacidade única de reverter seu ciclo de vida. Quando encontra uma condição desfavorável, esse pequeno cnidário é capaz de retornar ao estágio juvenil, reiniciando o ciclo e evitando, assim, o fim da vida. É como se, em vez de envelhecer, a Turritopsis tivesse a habilidade de “voltar no tempo”.
Embora essa regeneração cíclica seja um tipo de reprodução assexuada e não exatamente a sobrevivência contínua de um único indivíduo, é uma estratégia impressionante para escapar da morte.
Entre os invertebrados, as lagostas são outro exemplo curioso. Elas continuam crescendo ao longo da vida e parecem não apresentar envelhecimento celular nos moldes tradicionais. Sua resistência, no entanto, tem um limite. Com o tempo, a troca de carapaça se torna exaustiva, e o crescimento contínuo leva ao desgaste físico, causando a morte sem deterioração celular.
Esses animais mostram que a biologia pode ser mais flexível do que imaginamos. Embora não sejam “imortais” no sentido literal, sua resistência ao envelhecimento sugere possibilidades que desafiam nossa compreensão da vida. Se a natureza criou esses mecanismos, o estudo desses seres pode revelar novas pistas sobre longevidade e cura para o envelhecimento humano.