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23/11/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 23/11/2024 às 14:00
É difícil que você já tenha ouvido falar de alexitimia. Primeiramente porque é uma condição mental que não está descrita no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), mas, principalmente, porque uma pessoa com esse problema, não terá condições de saber que está afetada e nem explicar o que está sentindo.
Embora seja um conceito bem estabelecido na literatura científica e na prática clínica, ainda não há um consenso sobre os critérios diagnósticos exatos, quanto mais sobre uma abordagem eficiente para mitigar o sofrimento dessas pessoas que, no seu dia a dia, têm dificuldades para expressar suas emoções ou mesmo identificá-las.
Em um artigo recente no The Conversation, a pesquisadora em saúde pública da Universidade de Swansea no País de Gales, Rebeca Ellis, explica que, “Se uma pessoa não for capaz de identificar o que está sentindo, ela pode estar mais propensa a suprimir ou ignorar essas sensações corporais, e menos propensa a mitigar quaisquer problemas”.
Palavra formada com as raízes gregas – “a” (não), “lexis” (palavras) e “thymia” (alma ou emoções), a alexitimia foi citada pela primeira em uma pesquisa na década de 1970, chamada “A prevalência de características 'alexitímicas' em pacientes psicossomáticos”. Havia, na época, uma tendência a relacionar doenças com aspectos emocionais internos.
Mas, na alexitimia, acontece exatamente o oposto, pois, sem entender o que está sentindo em determinado momento, o indivíduo precisa recorrer a pistas externas. Por exemplo, uma pessoa com a condição pode não conseguir identificar suas emoções durante uma festa, e só compreender o que estava se passando depois, analisando os acontecimentos.
Alexitímicos geralmente usam mais o ambiente e os outros como referência para entender a si mesmas e reagir adequadamente a situações futuras. No entanto, não é uma experiência única e universal. Pessoas autistas, por exemplo, a vivenciam com uma intensidade 33% a 66% maior do que a população em geral.
Para Ellis, a "Alexitimia afeta como uma pessoa vivencia e interpreta emoções, desde perceber sensações físicas no corpo, até identificá-las como sentimentos específicos e decidir como responder". Por isso, qualquer tipo de abordagem terapêutica, tem que começar com o entendimento de qual é o ponto da luta interna em que o futuro paciente se encontra.
Uma boa notícia para pessoas com alexitimia é que desenvolver uma consciência emocional, é um processo que pode ser aprendido e aprimorado, mesmo em adultos. Isso significa não ficar aprisionado a essa condição limitante para sempre.
Nesse sentido, uma prática que pode ser extremamente útil para que pessoas com alexitimia se entendam melhor é a nomeação de emoções e sensações físicas, diz Ellis. Sinta-se, e ao seu corpo!