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15/05/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 15/05/2024 às 09:00
Estima-se que o plástico leve de 400 a 500 anos para se decompor, o que denota como a capacidade da natureza se recuperar é bastante reduzida quando comparada com a grande escala em que esse material é produzido e descartado após o uso.
Não são apenas as garrafas pet e outros objetos de maior volume que representam perigo para o meio ambiente, pois como diversas evidências já apontam, o plástico se tornou onipresente em nosso planeta, com rios e oceanos impregnados por suas micropartículas. Como consequência disso, animais, incluindo o ser humano, já apresentam microplásticos no seu interior.
Acelerar o processo de degradação desse material, portanto, é uma medida fundamental para reverter parte desse cenário apresentado. E uma das soluções pode estar a caminho: pesquisadores encontraram larvas com a incrível capacidade de comer plástico.
Esses insetos são a forma larval da traça-da-cera (Galleria mellonella), mas para pesquisadores, já são considerados especiais. Geralmente, esses pequenos animais vivem próximos das colmeias e se alimentam justamente de cera. Mas em 2017, acidentalmente, foi percebido que essa espécie era capaz de comer plástico.
Federica Bertocchini, a bióloga que tentava afastar as larvas do ambiente das abelhas, notou que a sacola onde colocou esses insetos estava furada. De fato, parecia mágica: assim que ficava em contato com a boca desses animais, o plástico se degradava.
Ao investigar como isso estaria ocorrendo, foi descoberto que o líquido excretado por essas larvas continha a presença de duas enzimas capazes de degradar o polietileno. Ou seja, essas partículas seriam a chave por trás dessa função revolucionária. E desde então, essas larvas estão sendo alvo de diversos estudos.
Um deles, inclusive, já identificou que as fezes da G. mellonella apresentam alterações em sua composição química, indicando que de fato ocorre a metabolização desse plástico digerido. E há bactérias intestinais presentes nessa espécie que desempenham um papel importantíssimo para todo esse processo.
Então essas descobertas indicam que basta espalhar essas larvas por aí e deixar elas cuidando de tudo? Os pesquisadores entendem que esse não é o caminho para lidar com um problema tão complexo.
Como esses insetos também possuem uma grande capacidade de destruir colmeias, não é recomendado deixá-los soltos na natureza. Por isso, é necessário investir em tecnologias que ofereçam soluções alternativas e reproduzam esse mesmo tipo de trabalho. O desafio, portanto, é tornar esse uso massivo para reduzir a poluição ambiental.
Muito se fala sobre o quanto o cenário atual é preocupante, mas é preciso ter uma dimensão concreta do que o plástico representa: cerca de 400 milhões de toneladas são produzidas anualmente e apenas 9%, uma parcela muito pequena desse total, é destinada à reciclagem, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No Brasil, esse valor é muito menor, de apenas 1,3%. Por outro lado, o consumo do plástico segue em alta constante, tendo quadruplicado ao longo dos últimos 30 anos. E ainda que uma nova solução se viabilize futuramente, isso definitivamente não elimina a necessidade de reduzir o uso desse material.