Museu Nacional do Rio é presenteado com milhares de fósseis após incêndio

17/05/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 17/05/2024 às 12:00

O incêndio devastador que tomou conta do Museu Nacional do Rio de Janeiro, deixou um impressionante rastro de destruição na noite de 2 de setembro de 2018. Ao todo, cerca de 85% dos mais de 20 milhões de artefatos armazenados no local foram completamente destruídos — o que significa que uma parte relevante da história nacional e do mundo foi deixada para trás.

O acidente foi causado por um aparelho de ar condicionado instalado incorretamente. O incêndio fez com que a instituição carioca e o museu mais antigo do país tivesse que fechar as portas após perder itens preciosos de valor cultural e histórico incalculável. O acervo incluía centenas de artefatos egípcios e greco-romanos, ossos de dinossauro, registros da população indígena brasileira e muito mais. Agora, seis anos depois, o museu parece receber suas primeiras boas notícias. 

Doação inesperada

Burkhard Pohl apresenta alguns dos fósseis doados ao Museu Nacional do Brasil. (Fonte: Diogo Vasconcellos/Museu Nacional do Brasil)
Burkhard Pohl apresenta alguns dos fósseis doados ao Museu Nacional do Rio. (Fonte: Diogo Vasconcellos / Museu Nacional do Rio)

Embora as imensas perdas tidas pelo Museu Nacional nunca possam ser recuperadas, pode-se dizer que elas foram parcialmente compensadas na última semana. Em uma ato de generosidade, o colecionador suíço-alemão Burkhard Pohl decidiu doar 1.104 fósseis para a instituição — todos eles originalmente encontrados no Brasil. 

Entre os fósseis doados estão a planta Brachyphyllum, o pterossauro Tupandactylus imperator, um lagarto aquático extinto e uma variedade de tartarugas e insetos. Em entrevista ao Art Newspaper, Pohl disse que sentiu que a doação era a coisa certa a se fazer para ajudar a reconstruir uma coleção abrangente de fósseis brasileiros. 

“Esperamos que esta iniciativa inspire outros colecionadores a seguirem o exemplo e se juntarem a este importante esforço. Acredito firmemente que uma coleção é um organismo vivo que deve evoluir constantemente – uma coleção trancada num porão é uma coleção morta", destacou. 

Nova fase para o museu

Após incêndio devastador em 2018, Museu Nacional do Brasil tenta se reestruturar. (Fonte: Wikimedia Commons)
Após incêndio devastador em 2018, Museu Nacional do Rio tenta se reestruturar. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

De acordo com pesquisadores da instituição brasileira, a coleção doada por Pohl não só ajudará a preencher as exposições do museu, como também deve ser examinada nos bastidores. Muitos dos espécimes recebidos parecem estar prontos para produzir novas descobertas.

Dois fósseis únicos de dinossauros não foram estudados antes na literatura científica e podem representar novas espécies. Além disso, a coleção inclui uma amostra de Tetrapodophis, que poderia ser o fóssil de cobra mais antigo já encontrado no planeta. O Brasil proibiu a exportação comercial de seus fósseis em 1942, mas esses artefatos ainda foram comercializados no mercado negro entre as décadas de 1970 e 1990. 

Logo, a devolução dos fósseis doados de uma coleção particular é um grande passo histórico para o Brasil, que também pode abrir um precedente na restauração da história arqueológica do país. Embora o Museu Nacional estivesse originalmente programado para reabrir em 2022, a nova previsão foi agendada para abril de 2026. Até lá, o museu espera ter mais de 10 mil artefatos em exposição, além de versões digitalizadas de alguns dos que foram perdidos. 

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