Estilo de vida
11/09/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 11/09/2024 às 21:00
Há um sentimento chamado “esquema de bebê”, proposto por Konrad Lorenz em 1943, que é ativado quando estamos na presença de alguns traços físicos como olhos grandes, cabeças relativamente maiores em relação ao corpo e formas arredondas. Isso gera em nós, diz o etólogo austríaco, uma resposta imediata de cuidado e proteção.
Por isso, é compreensível sentirmos uma espécie de afeto natural por certos bichinhos fofinhos, como a lula-de-pijama-listrado (Sepioloidea lineolate) por exemplo. Natural das águas costeiras do sul, leste e oeste da Austrália, o bichinho de seis centímetros em média não é nem mesmo uma lula de verdade, pois é um choco, o parente cabeçudo do cefalópode.
O nome popular, lula-de-pijama-listrado, não só nos remete a algum desenho animado, como também define precisamente o molusco. Ela é um animal marinho branco coberto com várias listras marrom-escuras ou pretas, um padrão inconfundível que as acompanha desde que nascem.
Lendo a descrição, ou assistindo a esse vídeo, nosso primeiro sentimento é de preocupação com a segurança da Sepioloidea lineolata, pois, com esse branco reflexivo, ela se tornaria uma presa de fácil detecção no fundo do mar. Mas esse choco tem lá os seus truques como, por exemplo, mudar sua aparência.
Quando ameaçada, ou mesmo durante o ataque de um predador, a lula-de-pijama-listrado altera instantaneamente sua cor para marrom-escuro ou roxo, dependendo do ambiente ao redor, para se camuflar.
Além disso, ela passa a maior parte do dia se escondendo sob a areia, ocultando totalmente sua pele e deixando de fora apenas os olhinhos, ou seja, se esconde dos predadores, mas fica de olho em suas presas: peixes, camarões e crustáceos. Para isso, além dos oito braços (como os polvos), a nossa lula tem dois tentáculos específicos para alimentação, com ventosas e bordas dentadas.
Se você um dia tiver a oportunidade de se aproximar da lula-de-pijama-listrado, resista ao desejo de apertá-la carinhosamente. Isso porque ela é extremamente venenosa e tóxica. E, embora não se saiba ao certo como esse lodo que a lula excreta possa afetar seres humanos, não é de muito bom tom correr o risco.
Curiosamente, a própria vida sexual da Sepioloidea lineolata é um pouco chocante (sem trocadilho). No acasalamento, o macho da lula-de-pijama-listrado agarra a fêmea e a coloca em um local onde ambos estejam cabeça com cabeça. Aí, ele introduz seu espermatóforo perto de onde ela armazenará o esperma até estar pronta para botar ovos.
A parte trágica é que, logo após o ato sexual, os machos morrem. A morte não é uma consequência direta do coito, mas sim porque eles entram em uma espécie de senescência, um envelhecimento rápido após a reprodução. Mas isso faz parte do ciclo natural da vida dos cefalópodes.