Estilo de vida
10/09/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 10/09/2024 às 08:00
No dia 15 de agosto de 1977, nove anos após o livro Eram os deuses astronautas? ter se tornado um dos maiores best-sellers da época, um sinal de rádio forte e incomum, com duração de 72 segundos, foi captado pelo radiotelescópio Big Ear, da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA.
Impressionado com o que parecia uma tentativa de comunicação vinda do espaço, o astrônomo Jerry Ehman anotou uma observação nas margens da fita de dados do telescópio: "Wow!" (para nós, em português, seria "uau!"). A palavra se tornou o símbolo de que uma raça alienígena pudesse estar tentando contato conosco.
Em entrevista recente para à Popular Science, o astrobiólogo e escritor Seven Rasmussen, destaca a descoberta: "Pessoalmente, é minha possível assinatura tecnológica favorita de todos os tempos". No entanto, ressalta o autor do livro Life in Seven Numbers: "Para ter uma assinatura tecnológica verdadeiramente convincente, você precisa de algo que foi inquestionavelmente criado com intenção".
Rasmussen está certo: as ondas de rádio são um tipo de radiação eletromagnética, assim como a luz visível, que ocorre naturalmente no espaço. Embora seus comprimentos de onda sejam maiores que os da luz, elas transportam informações, exatamente como nossas transmissões de rádio e TV, só que ocupando frequências mais baixas que a luz visível, o infravermelho e o micro-ondas.
Como não são facilmente absorvidas por gás e poeira interestelares, as ondas de rádio viajam enormes distâncias no espaço, emitidas por estrelas, galáxias e quasares, decorrentes de fenômenos como sóis explodindo, galáxias colidindo, ou simples emissões de buracos negros.
Isso nos faz voltar ao conceito de “intenção” de Rasmussen, pois, se todas essas fontes naturais produzem um espectro extenso de ondas na faixa de radiofrequência, um possível sinal de vida inteligente deveria produzir uma assinatura tecnológica. Isso seria, por exemplo, um sinal de rádio de banda estreita, e não banda larga como a natureza produz aos montes.
Mas a grande questão é que o sinal “Wow!” era de banda estreita. E mais: em um comprimento de onda quase intencional: 21 centímetros. Isso é particularmente importante quando se trata de busca por inteligência extraterrestre (SETI) porque o hidrogênio atômico, elemento mais abundante no Universo, emite naturalmente radiação eletromagnética com esse comprimento de onda.
Em uma das explicações mais recentes para o “Wow!”, uma equipe liderada por Abel Méndez, da Universidade de Porto Rico, usou dados do colapsado Observatório de Arecibo para criar uma hipótese, em um artigo ainda não revisado por pares. O estudo sugere uma configuração geométrica raríssima entre um magnetar (estrela de nêutrons) e uma nuvem de hidrogênio no espaço interestelar, perfeitamente alinhada em relação à Terra.
Assim, o Wow! pode ter sido o "brilho" de uma explosão astronômica conhecida como maser. A explicação é convincente, diz Rasmussen, mas ressalta: "Eu gostaria de encontrar o magnetar/SGR responsável pelo maser, antes de dizer que foi definitivamente um fenômeno natural".