Ciência
09/03/2024 às 17:00•2 min de leituraAtualizado em 09/03/2024 às 17:00
A sensibilidade que os animais demonstram ter em situações variadas muitas vezes nos pega de surpresa. E isso não se aplica somente aos cães e gatos, que estão entre os pets de estimação mais comuns, mas também a muitas outras espécies.
Além de possuírem uma forma própria de se comunicar, há diversos aspectos que os animais observam em nós para identificar o que sentimos. E será que o cheiro poderia ser um deles?
Muito se especulou que as capacidades de processar e expressar emoções fossem restritas aos seres humanos. Mas, na convivência diária com os pets, é possível perceber que eles estão de olho em um milhão de aspectos, independentemente da espécie; e quando se trata das nossas emoções, isso não é diferente.
Essa percepção, do ponto de vista de um cachorro, por exemplo, é usada para nortear seu comportamento e até mesmo ajustar algumas das suas ações. Com isso, nossas expressões faciais e postura, além do tom de voz, estão entre os traços que eles monitoram. Assim, eles evidenciam sua grande capacidade de adquirir informações bastante subjetivas e de responder a elas.
Segundo um estudo publicado na Animal Cognition em 2018, essa percepção também está relacionada a outros tipos de sinais químicos, como os aromas que emitimos. Para provar isso, um experimento bastante interessante foi conduzido. Ao deixar um cão da raça labrador ou golden retriever em um ambiente junto ao seu tutor e uma pessoa estranha, pesquisadores avaliaram como os animais se comportavam em diferentes circunstâncias.
Para que pudessem pôr à prova essa capacidade de sentir o odor de uma emoção específica, foram recolhidas amostras que tinham partículas do suor de seus tutores após estes assistirem a vídeos que despertavam alegria ou tristeza. A amostra com o cheiro das axilas, então, era colocada na sala em que o cão e as duas pessoas estavam presentes.
Nas vezes em que os cães sentiam o odor de quando o seu tutor expressou alegria enquanto assistia ao vídeo, eles reagiam de uma forma mais aberta quando em comparação às amostras do cheiro do humano assustado ou triste. Naturalmente, isso se refletia na forma como os cachorros se comportavam com a pessoa estranha, aumentando as interações quando os cheiros percebidos pelos animais eram de emoções positivas.
No cenário oposto, os doguinhos tentavam sair da sala ou permaneciam junto à porta. Incrível, não é mesmo? O interessante é que essa percepção se refletiu até mesmo na frequência cardíaca dos cachorros, que sofreu variações.
Já em cavalos, um outro estudo, publicado na Scientific Reports no ano passado, apresenta um resultado que não deixa dúvidas de que os animais realmente possuem poderes especiais.
Um teste diferente foi aplicado para os cavalos: pesquisadores reuniram um grupo de pessoas para que assistissem a diferentes vídeos de comédia e terror. Amostras de suor, coletadas no algodão que ficou em contato com a axila de cada um dos participantes, foram expostas aos animais.
Assim, os cavalos conseguiram demonstrar que são capazes de distinguir os aromas das emoções. Nas amostras com algodão que tinham o cheiro de emoções alegres, eles usavam a narina esquerda para percebê-la, denotando que uma determinada região do cérebro era ativada para processá-la de forma positiva.
Já com as emoções negativas, as duas narinas eram usadas. Além disso, nesse cenário, os cavalos reagiam de forma diferente, cheirando a amostra por mais tempo. Claro, só isso não significa que todos os animais possuem essa habilidade de interpretar nossos sentimentos, mas prova que eles conseguem perceber sinais químicos e diferenciá-los.
E, entre as espécies que possuem uma capacidade mais acurada, definitivamente nossas emoções são analisadas com atenção.