Portal para o Inferno? Cratera na Sibéria continua crescendo 16 metros por ano

21/05/2024 às 16:002 min de leituraAtualizado em 21/05/2024 às 16:00

Uma enorme depressão em forma de anfiteatro descoberta na Sibéria em 1991 continua a assustar o mundo. E não é por causa do seu nome popular, Portal para o Inferno, mas sim devido à velocidade do seu crescimento, causado pelo derretimento contínuo do permafrost, a camada de solo e sedimentos que permeia a cratera e deveria permanecer em estado sólido.

No entanto, o aquecimento climático moderno, que se reflete no aumento da temperatura do ar e das chuvas no Ártico, tem impactado de forma permanente o permafrost, não apenas na elevação de sua temperatura média, como na intensificação do degelo sazonal. 

Agora, um estudo recente, publicado na revista Geomorphology faz algumas revelações preocupantes. A megadepressão Batagaika, que hoje ocupa uma área equivalente a mais de 80 campos de futebol, está se expandindo em um volume da queda de degelo retrógrado (derretimento mais rápido do gelo) de 1 milhão de metros cúbicos por ano, segundo o estudo. 

Como foi avaliado o crescimento do Portal do Inferno?

Cientistas usaram imagens de satélite para avaliar o derretimento do permafrost.
Cientistas usaram imagens de satélite para avaliar o derretimento do permafrost. (Fonte: Getty Images)

Para chegar a esse inventário alarmante, os autores do estudo usaram, primeiramente, imagens de satélite para avaliar o crescimento em 2D. Em seguida, uma visão 3D da velocidade do derretimento do permafrost foi gerada por meio de sensoriamento remoto e dados de campo obtidos em amostras de laboratório.

Segundo o primeiro autor do artigo, Alexander Kizyakov, da Universidade Estadual de Moscou Lomonosov, “nos últimos anos, a taxa de recuo das paredes superiores variou de 5 a 15 metros por ano”. A essa velocidade, todo o vale adjacente pode ser engolido em dez ou vinte anos, afirma Nikita Tananaev, pesquisador principal do Instituto Melnikov de Permafrost, que não participou do estudo, à plataforma Atlas Obscura.

Quais as consequências do derretimento do permafrost da cratera?

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O derretimento do permafrost movimentou 1 milhão de metros cúbicos de material por ano, desde 2014. (Fonte: Getty Images)

Com o aumento do degelo na cratera Batagaika, o rio Batagay pode ter sérios problemas, alertam os autores do estudo, pois o aumento do volume de água pode elevar a taxa de erosão das margens. "Isso levará a alterações significativas no habitat ribeirinho", afirma Tananaev.

Outra séria consequência do derretimento do permafrost, apontada tanto por Tananaev quanto por Kizyakov, é um aumento nas emissões de gases com efeito estufa. Isso pode ocorrer pela liberação do metano armazenado nas camadas de gelo, e pela exposição de grandes quantidades de matéria orgânica congelada, como plantas e restos de animais.

Finalmente, Kizyakov e seus colegas fazem um prognóstico bom, mas nem tanto. Para eles, Batagay só é realmente capaz de se expandir até certo ponto. No entanto, isso significa que a depressão atingiu o fundo do poço, ou melhor, o leito rochoso do fundo. Mas os lados ainda continuaram aumentando, prevê o estudo.

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