Os 5 mandamentos de um bom aperto de mãos

22/06/2018 às 02:004 min de leitura

Um aperto de mãos é algo, aparentemente, bastante simples. Também é muito rápido — são apenas alguns segundos de um protocolo social que, para muitas pessoas, não deve ser assim tão relevante. Ledo engano. Conforme lembrou o psicólogo Joe Navarro em coluna para o Psychology Today, um aperto de mãos ruim pode ser lembrado por muito, muito tempo.

Conforme reforça o especialista, o aperto de mãos — ou quaisquer outras formas de saudação — possivelmente representa uma prática tão antiga quanto a própria humanidade. Trata-se de uma interação social básica, que, embora simples, veicula rapidamente questões associadas à memória tátil, à capacidade social, à harmonia, à saúde e à segurança. Trata-se, ademais, de uma forma quase inequívoca compartilhar sentimentos e intenções.

O inconveniente de deixar uma impressão ruim

Naturalmente, isso nem sempre precisa se dar pelo tradicional aperto de mãos. Dependendo da cultura, o mesmo papel social pode ser conferido a abraços, beijos, enlaces dos braços e por aí vai. A importância, de qualquer forma, é basicamente a mesma.

Deusas Hera e Athena se cumprimentando. Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Por outro lado, um aperto de mãos ruim normalmente acaba gerando uma impressão igualmente ruim. “Em um período de apenas alguns segundos, nós lançamos as fundações para a percepção que o outro terá de nós — e que nós teremos dele”, diz Navarro. “Em apenas um instante, nós vemos, sentimos, observamos e percebemos as intenções da outra pessoa.” Trata-se do momento de saber se o outro é ou não uma ameaça.

“Sejamos francos, quando um aperto de mãos é mal executado, isso nos deixa com uma impressão ruim sobre a outra pessoa, e isso será lembrado dessa forma.” Naturalmente, caso o ritual mal executado se repita, isso apenas fortalecerá a impressão inicial.

Por que um aperto de mãos ruim é lembrado por tanto tempo?

Trata-se de uma capacidade adaptativa. Basicamente, de um fortalecimento da memória tátil, embora não seja apenas isso. “Eu suspeito que a resposta seja um tanto multifacetada, ligada a questões de evolução e de sobrevivência”, diz Navarro no referido artigo. “Considere isto: dois estranhos se encontram na savana africana e, ao tocar suas mãos, eles demonstram que não possuem armas, que não há razão para temores.”

Além disso, tocar as mãos desencadeia processos químicos no cérebro, fazendo com que, por exemplo, seja liberada ocitocina — chamado de “hormônio do amor” por alguns especialistas. “Os bons sentimentos ajudam a promover a harmonia e a amizade, e faz sentido que essa impressão permaneça conosco durante muito tempo; é assim que nós evoluímos.”

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Naturalmente, uma impressão ruim também durante bastante tempo. “Emoções negativas associadas a um aperto de mãos mal executado permanecem conosco porque são arquivadas na porção do cérebro (amídala/hipocampo) que ajuda a pressentir o perigo, a insalubridade ou qualquer coisa que nos ameace ou nos faça nos sentirmos mal, de forma que não precisemos reaprender tudo sempre de novo e de novo.”

Em outras palavras? Um conhecimento adquirido que lhe permite, por exemplo, saber por experiência que se deve evitar o contato com superfícies excessivamente quentes ou com comida estragada. Um traço evolutivo bastante natural, portanto.

Os 5 pontos de um bom aperto de mãos

O que será considerado como uma “boa saudação” depende, é claro, da cultura em que se esteja inserido. Dessa forma, um high-five pode ser bastante apreciado em alguns meios esportivos, mas um aperto de mãos suave será a melhor pedida em locais como a Turquia. Há casos ainda em que, por exemplo, cumprimentar uma mulher com toque de mãos — sem o consentimento expresso — pode pegar muito mal.

Como via de regra, afirma-se que o ideal é observar a forma como a pessoa com mais status em determinada cultura cumprimenta as demais. Aí basta imitá-la da melhor forma possível — evitando, assim, constrangimentos como aquele gerado por Bill Gates, ao cumprimentar a presidente da Coreia do Sul, Geun Hye Park, com uma das mãos no bolso da calça.

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

Entretanto, caso se tome o bom e velho “chacoalhar de mãos” que é cultivado em boa parte do mundo, é possível elencar alguns pontos principais que devem ser observados, a fim de deixar a boa impressão mencionada acima. De acordo com Joe Navarro, deve-se prestar atenção às seguintes práticas:

  • Contato com os olhos

“Assegure-se de manter o contato visual com a pessoa que você está cumprimentando, evitando distrações”, diz Navarro. Nada pode ser mais irritante do que ter a sua contraparte no ritual mais interessada em uma beldade que passa do outro lado da rua no momento.

  • Evite mãos úmidas

Navarro lembra que 2,8% da população padece do problema conhecido como hiperidrose — um quadro de transpiração anormalmente aumentada. Seja esse o seu caso ou não, é sempre salutar se assegurar de que a sua mão não esteja úmida ou mesmo molhada antes de cumprimentar alguém — um lenço pode resolver o problema. Caso tudo o mais falhe, Botox pode ser uma solução para minimizar a sudorese.

  • Esqueça o “aperto de mãos dominante”

Não é incomum ouvir, ainda hoje, de alguém que defenda um bom aperto de mãos como uma ocasião para mostrar “quem manda” — seja apertando a mão do “oponente” em demasia ou chacoalhando-a como se fosse um guaxinim morto. “O termo clínico para isso é: bobagem”, diz Navarro.

Consultor de imagem pública Álvaro Gordoa demonstrando técnica de aperto de mãos. Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

E mais: caso alguém proceda dessa forma com você, peça educadamente para repetir o aperto sem o “expediente” estúpido. “A única coisa que um aperto de mãos assim consegue é deixá-lo com uma impressão negativa e fazê-lo pensar sobre que tipo de animal social aquela pessoa pode ser.”

  • Nada de dedo indicador no pulso

A menos que você pertença a alguma espécie de culto secreto com protocolos de saudação próprios (vide as considerações sobre cultura acima), colocar o indicador no pulso da outra pessoa é algo fortemente desencorajado. “Isso deixar uma impressão muito negativa. Eu já conheci vários gerentes, diretores de empresa e profissionais de RH [recursos humanos] que consideram esse o aperto de mãos mais temido de todos”, afirma Navarro.

  • Evite o aperto de mãos de políticos

Este é um velho conhecido. Quase todo mundo já foi “vítima” ou tentou, inadvertidamente, praticar em algum momento. Trata-se da saudação em que ambas as mãos são utilizadas, sendo que uma delas envolve a mão da outra pessoa. “Nunca, jamais utilize o aperto de mãos de políticos, a menos que seja com o seu avô ou com a sua avó”, diz Navarro.

Estela funerária de Thrasea e Euandria Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

“Ninguém gosta disso, é pessoal demais, e você precisa adquirir o direito de cumprimentar dessa forma. Os políticos o fazem por acreditar que você gostará mais deles por isso — o que não funciona.” Um pouco mais de proximidade se faz necessária? Então opte por um toque bastante sutil no antebraço.

*Publicado originalmente em 30/07/2013.

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