Ciência
27/06/2013 às 07:56•3 min de leitura
O método como somos enterrados se mantém inalterado por milênios, mas é preciso encontrar alternativas mais ecológicas para nossos mortos antes que a Terra vire um grande cemitério de lápides e covas.
Pensando nisso, o grupo Designboom, com o auxílio de entidades filantrópicas e fundações de preservação do meio ambiente, lançou uma competição para designers com o objetivo de encontrar novas formas de homenagear os mortos sem agredir tanto a natureza.
Hoje, a prática de enterro e de cremação dos restos mortais é bastante prejudicial para o ambiente e também para os organismos vivos, mas a busca por alternativas acaba encontrando resistência tanto pela indústria estabelecida em torno dos funerais quanto pela cultura já arraigada entre as pessoas de homenagear e se despedir de um ente querido por meio desses rituais.
A iniciativa “Design for Death”, do grupo Designboom, ajuda no processo de conscientização de que novos métodos precisam ser criados pela própria saúde do planeta. A competição recebeu um total de 2.050 inscrições e sete projetos foram contemplados com prêmios, três na categoria “cuidado ecológico”, três por formas de preservação da memória e um projeto recebeu o prêmio especial do júri.
Confira abaixo os detalhes dos projetos contemplados:
O projeto vencedor na categoria ecológica propõe um caixão feito de materiais biodegradáveis que enriquecem o solo e permitem o crescimento de plantas e árvores acima da superfície.
Fonte da imagem: Reprodução/Design Boom
O “Emergence” sugere a continuidade da vida através do uso da tecnologia. O gás carbônico da atmosfera e da decomposição do corpo é utilizado para gerar energia e iluminar perpetuamente a lápide na terra.
O designer sul-africano Ancunel Steyn foi ao passado para buscar uma referência conceitual ao seu projeto, que visa reestabelecer o debate sobre a vida e a morte de forma mais presente no cotidiano das pessoas.
Fonte da imagem: Reprodução/Design Boom
Seu trabalho consiste em uma série de opções para incorporar memoriais e espaços de homenagens aos falecidos em meio às diferentes localidades urbanas e sociais.
Há maneiras conhecidas de jogar as cinzas de um ente querido depois da cremação, desde lançar ao ar ou em alto-mar. Outras são mais inusitadas, como a proposta da iniciativa Heaven Above Fireworks, que incorpora as cinzas em fogos de artifício.
Fonte da imagem: Reprodução/Design Boom
Já a ideia “I wish to be rain” de uma equipe do Reino Unido leva as cinzas até a troposfera por meio de um balão, misturando-se entre as nuvens. As cinzas caem com a chuva, promovendo uma última homenagem ao parente ou amigo.
O vencedor na categoria de preservação de memória sugere a construção de uma cadeia de urnas, em formato de colmeia, representando a árvore genealógica das famílias.
Fonte da imagem: Reprodução/Design Boom
Cada urna guarda os restos mortais de um membro da família e contém uma tela OLED que informa o nome do falecido junto com uma mensagem que o representa. Essas informações podem ser modificadas pelos familiares através de aplicativos que conectam aparelhos celulares com as urnas dos falecidos.
O projeto da húngara Agnes Hegedus é certamente um dos mais baratos e eficientes entre os inscritos na competição.
Fonte da imagem: Reprodução/Design Boom
Feito de maneira artesanal, com materiais biodegradáveis, a urna para cerimoniais na água se decompõe em poucos dias no mar, oferecendo o fundo dos oceanos como alternativa para o repouso final dos falecidos.
O artista francês Chen Jiashan criou um modelo de urna que se assemelha aos apanhadores de sonhos. A proposta é fazer com que a representação do falecido esteja sempre presente, em um espaço visível, podendo até mesmo decorar o ambiente público ou doméstico.
Fonte da imagem: Reprodução/Design Boom
O aro, no qual pode ser gravado o nome do ente querido, funciona também como um sino que emite som sempre que bater o vento, ecoando a memória do falecido.
De acordo com Jae Rhim Lee, a criadora do traje de cogumelo e vencedora do prêmio especial do júri desta competição, “ao tentar preservar os cadáveres, nós negamos a morte, envenenamos as coisas vivas e prejudicamos o ambiente”.
Fonte da imagem: Reprodução/Design Boom
A vestimenta desenvolvida por ela utiliza espécies de cogumelo para tratar as toxinas liberadas pelo corpo e evitar a contaminação do solo. O “Mushroom Death Suit” é feito de uma camada interna de algodão orgânico que veste facilmente o corpo. Já a parte externa é revestida de uma rede de esporos e micélios que permitem o crescimento de cogumelos.