
Mistérios
16/12/2013 às 07:10•2 min de leitura
Como você sabe, existe na China uma restrição aplicável para a maioria dos casais que limita o número de filhos em apenas um. No entanto, de acordo com a BBC, as autoridades do país pretendem relaxar essa condição, permitindo que no futuro as famílias possam ter dois filhos.
A restrição de um filho por casal foi introduzida na década de 70 com o objetivo de frear o rápido crescimento populacional no país. A política foi instituída de forma bem estrita, e os que não a respeitavam podiam ser obrigados a pagar multas severas, perder o trabalho e até mesmo suas casas.
A política contava com poucas exceções que se aplicavam a algumas minorias étnicas e aos casais chineses formados por dois filhos únicos e que residiam em centros urbanos ou famílias residentes de áreas rurais cujo primogênito era menina. Nesses casos era permitido que os casais tivessem um segundo filho.
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Contudo, segundo a publicação, a restrição vem gerando discussões, já que se estima que no ano 2050 mais de um quarto da população terá mais de 65 anos de idade, o que pode resultar em uma redução na força de trabalho e na intensificação das questões relacionadas ao cuidado com os idosos.
Além disso, a tradicional preferência por bebês do sexo masculino também acabou gerando um desequilíbrio de gêneros no país — devido aos abortos seletivos —, e se estima que até o fim da década existirá uma “sobra” de aproximadamente 24 milhões de homens para os quais não haverá esposas.
A reforma proposta agora permitirá que os casais tenham dois filhos e deve ocorrer gradativamente, passando pelos ajustes necessários para promover o desenvolvimento equilibrado da população chinesa. Outra proposta apresentada foi a da abolição da “reeducação” através dos campos de trabalho, além da apresentação de algumas iniciativas no sentido de incentivar o crescimento do setor privado.
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Segundo o site Quartz, se estima que a medida resultará em um incremento de 9,5 milhões de nascimentos por ano. Além disso, a proposta põe um ponto final em um experimento social que mudou a sociedade chinesa e, provavelmente, serviu para conter não só o crescimento populacional, mas o econômico também. A seguir, veja algumas possíveis consequências esperadas com a nova política de dois filhos por casal:
Depois de a força de trabalho de aproximadamente 930 milhões de pessoas ter diminuído pela primeira vez em décadas — e de que essa tendência seja ainda mais intensa nos próximos anos —, o aumento da natalidade resultará, eventualmente, em um aumento no número de habitantes que poderá suportar a população idosa. Contudo, isso levará algum tempo.
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Com um maior número de bebês, também ocorre um aumento no consumo de produtos voltados para crianças, como alimentícios, de vestuário e serviços voltados para a educação. Além disso, é possível que ocorra uma mudança no foco atual na China — dirigido para a exportação —, com um aumento no consumo interno.
Embora o relaxamento da restrição não implique em uma mudança cultural no sentido da preferência de meninos a meninas, pode ser que a pressão de que os pais tenham filhos homens passe a ser menor e o desequilíbrio atual entre o número de mulheres e homens seja reduzido.
Um incremento de 95 milhões de nascimentos anuais também significa um aumento na pressão sobre os recursos disponíveis. Afinal, cada novo habitante necessitará de alimentos, água e habitação, o que será um problema, pois, atualmente, a área cultivável per capita do país corresponde à metade da média mundial, e 40% do total é considerado degradado. Além disso, o governo já alertou que, por volta de 2030, a demanda de água poderá não ser atendida.