Estilo de vida
10/10/2017 às 10:11•2 min de leitura
Você sabe qual a diferença entre a mandioquinha, a batata-salsa, a batata-baroa, a cenourinha-amarela e a cenourinha-branca? Nenhuma! Apenas o nome, dito de formas distintas em diferentes partes do Brasil. Algo semelhante acontece com a espada-de-são-jorge, também conhecida como espada-de-santa-bárbara, língua-de-sogra, rabo-de-lagarto, sanseviéria, espada-de-ogum e espada-de-oxossi: um monte de nome diferente para a mesmíssima planta.
E isso não acontece só com as plantas, não... Veja o caso do bugio-preto: em algumas regiões, essa espécie de primata é chamada de bugio-do-pantanal. Essa variação toda de nome acontece por conta das peculiaridades de cada região e podem causar confusão se você não entende nadica de biologia.
Fêmea e macho de bugio-preto
Para sanar esse problema, o pesquisador sueco Carl von Linné – também chamado de Carlos Lineu e Carolus Linnaeus – resolveu criar um sistema padrão de nomenclatura de todas as espécies. Foi então que, em meados de 1700, surgiu a classificação científica – também chamada de nomenclatura binominal –, que tem por finalidade ajudar pesquisadores de diferentes regiões e épocas a se referir sempre à mesma espécie.
Essa nomenclatura é feita em duas partes, sempre com o nome do gênero vindo por primeiro e com a inicial maiúscula, seguido da variação da espécie em minúscula, mesmo que ela tenha sido batizada com o nome da pessoa que a descobriu. Nos casos citados acima, temos a Arracacia xanthorrhiza (mandioquinha), a Sansevieria trifasciata (espada-de-são-jorge) e o Alouatta caraya (bugio-preto). Outra forma comum de ver esses nomes é através da abreviação do primeiro termo (A. xanthorrhiza, por exemplo).
A utilização do latim para os termos é pelo fato de essa ser uma língua morta, ou seja, sem a possibilidade de variação ao longo dos tempos. Tanto que alguns chamam esse esquema de “nome latino”, ainda que ele não seja tão correto assim devido ao fato de algumas palavras utilizadas para novas espécies não serem necessariamente derivadas do latim.
Carl von Linné, o pai da nomenclatura científica
A escrita em itálico é para dar destaque para o termo, mas não é uma regra única: esse destaque pode ser feito tanto através do uso de palavras sublinhadas (Arracacia xanthorrhiza) ou negritadas (Arracacia xanthorrhiza). Alguns nomes científicos aparecem em três partes por conta da subespécie. O lobo-do-ártico (Canis lupus arctos), por exemplo, é uma subespécie do lobo-cinzento (Canis lupus).
E apesar de esse esquema ser proposto por Carl von Linné, apenas em 1901 ele se tornou um tratado internacional. Isso não impediu, entretanto, que espécies iguais ganhassem nomes científicos diferentes. Linné batizou a cobra-de-duas-cabeças como Amphisbaena alba, mas ela foi redescoberta por outros biólogos que a chamaram de Amphisbaena rosea (em 1791), Amphisbaena pachyura (em 1822), Amphisbaena flavescens (em 1825) e Amphisbaena beniensis (em 1885).
Em 1962, pesquisadores notaram que todas essas nomenclaturas na verdade se referiam à mesma espécie! Quando isso acontece, adota-se como padrão o nome mais antigo. Ou seja, agora ela é “só” Amphisbaena alba.