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04/01/2018 às 05:00•3 min de leitura
Pode parecer bobagem pensar em Eras do Gelo — especialmente agora, quando só se fala em aquecimento global. Mas o fato é que, ao longo dos seus cerca de 4,5 bilhões de anos, a Terra mergulhou em diversos períodos de glaciação, sendo o último deles o que estamos vivendo atualmente e que teve início há mais ou menos 2,7 milhões de anos (dependendo da subdivisão de tempo que consideramos como referência).
Pois se as Eras do Gelo — marcadas pela queda da temperatura global e formação de grandes mantos de gelo — são eventos periódicos, isso significa que elas ocorrem com determinada frequência e podem voltar a acontecer dentro de um tempo, você concorda? Entretanto, você sabe como e com qual periodicidade elas se dão?
(Ice Age Wiki)
Segundo Laura Geggel, do site Live Science, até onde se sabe, o nosso planeta foi palco de cinco grandes eras do gelo, e a verdade é que nem os cientistas sabem ao certo o que leva o nosso planeta a mergulhar em uma delas. Contudo, uma das teorias mais difundidas é a de que esses longos intervalos de frio global podem ser ocasionados pela queda brusca dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Interessante, não?
De acordo com uma das teorias mais conhecidas (a chamada hipótese do levantamento-intemperismo tectônico) para explicar a ocorrência das eras do gelo, conforme as placas tectônicas foram elevando as cadeias montanhosas, novas porções de rocha acabaram ficando expostas e passando pelo processo de intemperismo — ou degradação natural.
(Phys Org/Ittiz/Wikimedia Commons)
O material resultante da decomposição das rochas foi parar nos oceanos, proporcionando, por sua vez, os ingredientes necessários para que muitos organismos marinhos construíssem conchas e carapaças rígidas. Então, com o passar do tempo, tanto as rochas como os animais oceânicos acabaram absorvendo mais e mais dióxido de carbono da atmosfera e, juntamente com outros fatores, contribuíram para que ocorresse uma dramática queda desse composto.
Seja esse o processo responsável pela ocorrência de uma glaciação ou não, conforme dissemos, a Terra passou por cinco grandes eras do gelo. A primeira foi a Glaciação Huroniana, que aconteceu entre 2,4 e 2,1 bilhões de anos atrás, seguida pela do Criogeniano (720-635 milhões de anos atrás), a Andes-Saariana (450-420 milhões de anos), a do fim do Paleozoico (335-260 milhões de anos) e a do Quaternário — que é a que estamos vivendo agora.
Dentro dessas cinco grandes eras do gelo que mencionamos acima, também aconteceram diversas glaciaçõezinhas menores, assim como períodos mais cálidos, conhecidos como interglaciares. No caso da era do gelo que começou há 2,7 milhões de anos (no Quaternário), as mini glaciações ocorreram a cada 41 mil anos, mais ou menos, até um milhão de anos atrás — quando passaram a se tornar menos frequentes.
(Plugged In)
De acordo com Laura, nos últimos 800 mil anos, os grandes mantos de gelo começaram a surgir a cada 100 mil anos, aproximadamente, em um processo no qual os mantos vão aumentando de tamanho no decorrer de 90 mil anos e levam 10 mil para entrar em colapso ao longo dos períodos interglaciares — ao fim dos quais todo o ciclo recomeça volta a se repetir.
Considerando que a última mini glaciação acabou há cerca de 11,7 mil anos, a Terra deveria estar entrando em uma nova era do gelo — ou já deveria ter entrado! No entanto, segundo os especialistas, fatores relacionados com a órbita terrestre, bem como a enorme quantidade de dióxido de carbono que liberamos na atmosfera, estão interferindo no ciclo e as estimativas apontam que não veremos o planeta se resfriar nos próximos 100 mil anos.
Segundo uma teoria proposta pelo astrônomo sérvio Milutin Milankovitch, conforme a Terra viaja em sua órbita ao redor do Sol, sua inclinação, a excentricidade (ou variação da distância entre o nosso planeta e a estrela ao longo do caminho) e a sua oscilação orbital interferem na quantidade de radiação solar que chega até nós.
(Free Wallpapers Library)
Pois esses três parâmetros parecem estar relacionados com os ciclos de glaciação, e o problema é que se as temperaturas globais estão altas demais, eles acabam se tornando indiferentes — no que diz respeito à formação e expansão dos mantos de gelo. É aqui que entra a questão das emissões de dióxido de carbono que, como você sabe, é um gás de efeito estufa.
De acordo com Laura, nos últimos 800 mil anos, os níveis de CO2 na Terra variaram entre 170 ppm (partes por milhão) e 280 ppm, resultando no ciclo de mini glaciações e períodos interglaciais conhecidos. Mas, nas últimas décadas, os níveis desse composto registrados na atmosfera foram muito mais elevados — com a Antártida batendo 400 ppm em 2016.
Vale lembrar que o nosso planeta já passou por períodos de altas temperaturas no passado, como foi o caso de quando os dinossauros reinavam por aqui. Contudo, o problema é que a humanidade liberou uma imensa quantidade de CO2 na atmosfera em um período curtíssimo de tempo — e as consequências das nossas ações (e do aquecimento global resultante delas) podem ser devastadoras.
(Slash Film)
Caso você esteja imaginando que a Terra se transformaria em uma imensa bola gelada se mergulhasse em uma nova era do gelo, saiba que na última glaciação as temperaturas globais eram, em média, apenas 5 °C mais baixas do que agora. Por outro lado, se elas não pararem de subir e o aquecimento levar ao derretimento dos mantos de gelo da Antártida e da Groenlândia, o nível dos oceanos deverão subir em 60 metros. E o que você acha melhor: ver cidades costeiras e ilhas e desaparecerem sob as águas ou sentir um pouco mais de frio?