Ciência
17/11/2018 às 07:00•2 min de leitura
Em 509 a.C., Roma decidiu deixar para trás a monarquia e abraçar a república. Junto disso começou seu processo de expansão; os plebeus, trabalhadores e soldados de Roma, parte do povo e responsáveis “braçais” por essa expansão, passaram a exigir mais direitos — e conseguiram. Eles adquirem o direito de votar, possuir terras e até casar com membros da elite, os chamados “patrícios”. Esses direitos também serviriam como um bom incentivo para que tais membros do povo lutassem com mais fervor pelo progresso de Roma, afinal a partir de então eles lutariam para aumentar um pedaço do próprio patrimônio.
Por incrível que pareça, o problema aumentou conforme Roma prosperava. Enquanto os homens plebeus ficavam anos em outros países lutando pela grandiosidade romana, suas famílias tinham que se virar para sobreviver, o que levou a um êxodo rural: famílias inteiras passavam a se acumular nas cidades, especialmente em Roma, desencadeando superpopulação e caos. Ao mesmo tempo, os patrícios não pensavam duas vezes antes de comprar a preço de banana as terras abandonadas, utilizando mão de obra escrava e deixando os plebeus à própria sorte.
Até então, a república romana consistia em um sistema político bastante pacífico: não havia pena de morte nem violência política; se um grande problema surgisse, o governo faria o possível para resolvê-lo da melhor forma possível. Foi aí que surgiram os irmãos Graco, marcando esse momento como o divisor de águas.
Em 133 a.C., Tibério e Caio Graco sugeriram resolver a crise que afligia Roma doando as terras dos campos aos plebeus. Essa ideia não agradou nada aos patrícios, que estavam lucrando bastante com o trabalho escravo que ocorria justamente nessas terras, e aí aconteceu o inesperado: o primeiro assassinato político. Os senadores espancaram Tibério e 300 de seus seguidores até a morte.
Embora o protagonista desse rompimento, Augusto, só tenha dado fim à república em 27 a.C., acredita-se que todo o processo tenha começado com esse “pequeno” passo em 133 a.C. A partir disso, a violência e assassinatos, tanto arbitrários quanto políticos, aumentaram drasticamente; terras eram roubadas; e se empregavam as mais diversas artimanhas políticas que em nada ajudavam o povo, como decretar feriados durante um ano inteiro apenas para encerrar os negócios públicos.
Em 44 a.C. Julio César, tio-avô de Augusto, foi assassinado pelos senadores após se declarar ditador vitalício. No entanto, deixou um testamento em que nomeava Augusto como seu filho adotivo e herdeiro legítimo.
Augusto assumiu o poder em um momento perfeito para que seu discurso o levasse aonde queria. A violência e o caos já assolavam Roma havia tanto tempo que os súditos já não se lembravam de períodos de paz política, quando não precisavam ter medo de ter suas terras roubadas ou de serem executados sem motivo.
A população estava desesperada e traumatizada, e Augusto levou o discurso de que só ele poderia restaurar a paz em Roma. Para essas pessoas, não havia problema em entregar todo o controle nas mãos de Augusto, contanto que ele lhes desse a tranquilidade prometida.
Em teoria, ainda havia certa flexibilidade no governo de Augusto: os romanos livres podiam votar em outras autoridades, o que trazia a sensação de liberdade política, mas existia um porém: só poderiam concorrer os que fossem aprovados por Augusto, nada de opositores! Aí ficava fácil, né?
E foi assim, com Augusto, que a famosa república romana, com seus 500 anos de relativa democracia, viu seu fim. Já o Império Romano sobreviveu, mesmo como uma ditadura, pelos 1,5 mil anos seguintes.
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