Conheça a ilha de Goreia, um dos maiores símbolos históricos da escravidão

08/12/2018 às 07:002 min de leitura

Você já ouviu falar sobre a ilha de Goreia também conhecida como Gorée? Localizado perto da costa de Dakar, no Senegal (África Ocidental), o local hoje em dia é um ponto turístico tão pacífico que, de acordo com relatos de turistas, dá para se sentir “um peregrino visitando um templo sagrado”. Porém, a história da região não tem absolutamente nada a ver com paz, tranquilidade e felicidade. Pelo contrário: a ilha foi, durante muitos anos, um dos maiores pontos de tráfico de escravos do mundo.

Histórico

A primeira civilização a colocar os pés na ilha foram os portugueses, que desembarcaram por lá em 1444; porém, em 1588, eles perderam o território para os holandeses. Ao longo do tempo, o local ainda passou pelas mãos dos britânicos e até dos franceses, até que, em 1960, Senegal declarou sua independência e tomou Goreia como parte de seu território. Porém, seu uso como “estoque” e “loja” de escravos ocorreu durante 1536 e 1848, especialmente no “reinado” da Holanda.

A ilha de Goreia é um local minúsculo — ela possui apenas 45 acres (cerca de 180 m²) de extensão. Além disso, por ser razoavelmente distante da costa de Dakar, era impossível fugir nadando: os poucos escravos que tentaram fazer isso acabaram morrendo afogados. Ao perceber que a região era propícia para tal atividade, os holandeses construíram em 1776 a Casa dos Escravos e passaram a utilizá-la como um ponto de parada entre a captura dos escravos africanos e a venda para os países interessados.

Loja da escravidão

Em determinado período histórico, a ilha contou com nada menos do que 28 casas desse tipo. Todas eram equipadas com celas minúsculas — cada uma com 2,6 metros — nas quais eram acomodados de 15 a 20 escravos homens. As mulheres e as crianças eram mantidas em locais separados, sendo muitas vezes abusadas por seus “donos”. Os africanos ficavam sempre presos, sendo alimentados e liberados uma vez por dia para fazer suas necessidades fisiológicas.

Muitas vezes, os escravos eram mantidos nessas condições durante meses, até que um “cliente” fosse visitá-los para discutir preços e “avaliar a qualidade das mercadorias”. Os escolhidos eram removidos da sala e levados para a “porta sem retorno”, pela qual era feito o embarque no navio do comprador, sendo transportados até seu destino final. Obviamente, muitos deles morriam por conta da falta de condições de higiene nas quais eram mantidos.

Os historiadores costumam discutir na hora de calcular o número de escravos que passou pela ilha. Os mais céticos afirmam que suas dimensões tornam impossível “milhões” de africanos terem sido mantidos presos lá; a quantidade mais razoável que se fala é de 26 mil escravos, o que ainda assim é uma quantia assustadora. Felizmente, a Casa dos Escravos se transformou em um museu em 1962; em 1978, a UNESCO a designou como um Patrimônio Mundial, recebendo cerca de 200 mil turistas por ano.

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