Ciência
18/11/2019 às 15:00•2 min de leitura
Quantas vezes você já ouviu de alguém que “garotos são melhores em matemática”? Ou então “meninos tem a capacidade lógica mais apurada, por isso são melhores nas exatas”? Provavelmente muitas, mas se você ouviu, saiba que estavam todos errados. Pelo menos é isso que aponta uma nova pesquisa publicada na revista Science of Learning. De acordo com o novo estudo, o cérebro de garotos e garotas tem a mesma capacidade funcional ou capacidade matemática.
A autora sênior do estudo e professora de neurociência do desenvolvimento na Universidade Carnegie Mellon, Jessica Cantlon, fala exatamente sobre as crenças populares e ressalta que a ciência não se alinha a esses “ditos” que diferenciam a capacidade do cérebro das crianças. “Vemos que o cérebro das crianças funciona de maneira semelhante, independentemente do sexo, e esperamos recalibrar as expectativas do que as crianças podem alcançar em matemática”, ressalta.
Este é o primeiro estudo de neuroimagem para avaliar as diferenças biológicas de gênero na aptidão matemática de crianças. A equipe utilizou ressonância magnética funcional para medir a atividade cerebral das crianças enquanto elas assistiam a um vídeo educativo sobre tópicos matemáticos iniciais.
Os pesquisadores compararam os exames de meninos e meninas, examinaram a maturidade cerebral e após diversas comparações, não encontraram qualquer diferença no desenvolvimento cerebral, processamento de habilidades matemáticas e maturidade cerebral de meninos e meninas. “Não é apenas o fato de meninos e meninas estarem usando a rede matemática da mesma maneira, mas as semelhanças eram evidentes em todo o cérebro", afirma Alyssa Kersey, primeira autora e pesquisadora de pós-doutorado no departamento de psicologia da Universidade de Chicago.
O estudo foi motivado por uma pesquisa anterior do grupo que já havia encontrado desempenho comportamental equivalente entre meninos e meninas em uma série de testes matemáticos.
Cantlon chama a atenção para o fato de a sociedade e a cultura afastarem meninas e jovens mulheres dos campos matemáticos. Estudos anteriores mostraram que as famílias dedicam aos meninos as brincadeiras que envolvem cognição espacial. Além disso, professores costumam passar mais tempo com os meninos durante as aulas de matemática. “A socialização típica pode exacerbar pequenas diferenças entre meninos e meninas que podem se intrometer na maneira como as tratamos em ciências e matemática. Precisamos conhecer essas origens para garantir que não sejam as que causam as desigualdades de gênero”, ressaltou.
A equipe deve continuar a pesquisa ampliando a gama de habilidades matemáticas, analisando pontos como o processamento espacial e memória, acompanhando as crianças por muitos anos para observar seu desenvolvimento.