Artes/cultura
17/10/2020 às 06:00•2 min de leitura
Um estudo realizado pela professora Audrey van der Meer e seus colegas da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e publicado no início de outubro no jornal Frontiers in Psychology revelou que escrever à mão ajuda as crianças a aprenderem melhor, além de estimular a memória e outras partes importantes do cérebro.
A pesquisa apontou que o aprendizado realizado com caneta e papel apresenta resultados melhores que quando o teclado de um computador é utilizado. No entanto, as escolas de todo o mundo têm se tornado cada vez mais digitais e tecnológicas, especialmente durante a pandemia de covid-19.
O trabalho foi conduzido com o uso de eletroencefalografia (EEG), um método de monitoramento não invasivo usado para registrar a atividade elétrica cerebral. Cada estudante realizou atividades por 45 minutos utilizando o aparelho, com os resultados apontando que o cérebro foi mais ativado quando a escrita cursiva acontecia.
“O uso de caneta e papel dá ao cérebro mais ‘ganchos’ para pendurar suas memórias. Escrever à mão cria muito mais atividade nas partes sensório-motoras. Muitos sentidos são ativados pressionando a caneta no papel, vendo e ouvindo os sons das letras que você escreve. Essas experiências sensoriais criam contato entre diferentes partes cerebrais e o estimulam ao aprendizado”, explicou Van der Meer.
A professora afirma que suas pesquisas confirmam a importância do desenho e da escrita manual na vida de crianças desde muito cedo, e em especial na escola. Apesar do mundo digital estar muito presente na infância atualmente, e com vários aspectos positivos, o treinamento da escrita não deve ser abandonado.
“Dado o desenvolvimento dos últimos anos, corremos o risco de uma ou mais gerações perderem a capacidade de escrever à mão. Nossas pesquisas e as de outras pessoas mostram que isso seria uma consequência infeliz do aumento da atividade digital”, afirmou Audrey.
Segundo a pesquisadora, escrever à mão requer um controle sensorial e de habilidades motoras finas, e é de grande importância colocar o cérebro em um estado de aprendizagem com a maior frequência possível. “Eu usaria um teclado para escrever uma redação, mas eu faria anotações à mão durante uma palestra”, concluiu a norueguesa.