Tômiris: a rainha guerreira persa que decapitou Ciro, o Grande

06/05/2022 às 02:002 min de leitura

No século IV a.C., uma dramática história de vingança, envolvendo duas das figuras mais emblemáticas do leste europeu, decretou um destino nada agradável ao império persa. Os antagonistas Ciro, o Grande, e Tômiris, a rainha dos masságetas, se enfrentaram em um verdadeiro banho de sangue em uma épica disputa de expansão territorial.

Localizado ao norte da Pérsia e a leste do Mar Cáspio, o reino dos masságetas era constituído essencialmente por guerreiros com hábitos nômades. Nele, mulheres tinham ampla participação no povo reconhecido por seus grandes feitos e estabilidade, apesar de não fazer frente ao império persa, que se estendia por todo o Mediterrâneo e tinha pretensões de continuar sua política expansionista.

Ciro, o Grande, na época o líder da Pérsia, optou pela diplomacia e fez uma oferta para Tômiris, governante dos masságetas após a morte de seu marido, tornar-se sua esposa. Porém, sua tentativa de dominar as terras ao norte de forma pacífica foi prontamente recusada, já que a guerreira não dobrou seus joelhos e sugeriu que o imperador tomasse conta apenas de seu território, despertando a fúria do supremacista.

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Pouco tempo depois, o exército de Ciro tomou conta da fronteira dos nômades, surgindo como uma ameaça para Tômires, que exigiu a saída imediata das tropas caso seu rival não quisesse sofrer uma resposta brutal em até três dias. Foi então que, após a conclusão do período, os persas fingiram recuar e levaram seus inimigos para uma armadilha, abandonando seu acampamento e deixando litros de vinho para os masságetas desfrutarem.

Bêbados e cansados, os soldados de Tômires foram capturados, incluindo Spargapises, filho legítimo e herdeiro da rainha. Envergonhado por ter sido atacado por Ciro, o jovem pediu permissão para cometer suicídio e recebeu autorização do imperador, encerrando sua vida antes que a mãe pudesse ter notícias. Enfurecida, a guerreira acusou Ciro de covardia e jurou que mataria o homem, levando-o para um banho de sangue em que apenas um dos lados se consagraria.

A vingança de Tômires

Tômires ordenou que Ciro devolvesse o corpo de seu filho, mas foi ignorada pelo imperador. Com isso, a rainha levantou seu exército e deu início a uma guerra contra a Pérsia, protagonizando o conflito mais feroz entre não-gregos, de acordo com Heródoto.

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Subestimando os masságetas pela inferioridade numérica, Ciro viu uma implacável Tômires buscar justiça com suas próprias mãos, atravessando o campo de batalha como uma deusa. Nada ali poderia impedi-la de cumprir sua promessa, e era apenas questão de tempo para que o corpo do líder persa fosse encontrado em meio aos mortos e trazido para sua algoz.

“Eu vivo e conquistei você na luta”, declarou Tômiris, “e ainda assim por você estou arruinada, pois você levou meu filho com astúcia. Assim, eu cumpro minha ameaça e te dou o seu sangue.” Segundo relatos, o feito foi a última grande ação da rainha como líder dos masságetas, e pouco se sabe sobre o golpe de misericórdia ou os anos que se sucederam durante seu governo. Hoje, a decapitação estampa um dos momentos mais ferozes da Idade Antiga e exibe a importante participação de uma mulher no destino da Europa.

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