
Estilo de vida
13/01/2022 às 04:00•2 min de leitura
A maioria das pessoas consegue prender a respiração por alguns segundos ao mergulhar — no máximo alguns minutos, quando a pessoa é bem treinada. Se o mergulho for mais fundo, é recomendado usar equipamentos, como máscaras e cilindros de oxigênio.
Já os nativos da tribo Bajau, que vivem nas águas do sudeste asiático, conseguem prender a respiração por até 13 minutos, nadando a uma profundidade em torno de 60 metros — usando apenas óculos ou máscaras artesanais, de madeira, além de pesos para afundar. Só isso.
A tribo Bajau é formada por "nômades do mar", que vivem em casebres suspensos na água e tiram todo seu sustento dela. Diariamente, vários membros do clã passam mais de metade do dia literalmente mergulhados, caçando peixes e frutos do mar, além de coletar conchas para o artesanato das mulheres. Ao todo, cerca de 1 milhão de pessoas se identificam como Bajau na Indonésia, Filipinas e Malásia — a maioria delas seguindo o estilo de vida marinho.
A capacidade dos Bajau intrigou a Ciência: Melissa Llardo, pesquisadora da Universidade de Copenhagen, foi até a Indonésia para estudar os "nômades do mar".
Imagem: Melissa Llardo/Reprodução
Uma pesquisa anterior ofereceu uma hipótese para a capacidade incrível de mergulho da tribo Bajau: os tibetanos, acostumados a respirar no ar rarefeito das montanhas, realmente têm alterações genéticas por causa disso. Acredita-se que, há milhões de anos, o povo da região adquiriu esses genes de outros hominídeos — e a seleção natural fez o resto, até hoje.
Então, a pesquisadora Llardo foi conhecer os nativos Bajau e fez exames em vários deles. Uma característica que chamou atenção foi o tamanho do baço: o órgão é até 50% maior do que em outra tribo da região, que vive em terra firme.
Além disso, mesmo as mulheres da tribo — que não passam tanto tempo embaixo da água — têm essa característica. Logo, não se trata de um simples caso de treinamento de apneia. É a genética Bajau. A equipe de cientistas mapeou o genoma dos nativos e encontrou alterações em 25 locais, com destaque para o gene PDE10A, que está relacionado ao tamanho do baço.
Segundo Llardo, outros mamíferos que mergulham por bastante tempo também têm o baço de tamanho avantajado — as focas, por exemplo. Ainda resta descobrir se é apenas o tamanho do órgão que faz essa diferença toda e também como os Bajau desenvolveram essa característica.
Imagem: NPR/Reprodução
Você talvez não saiba, mas o baço é tão importante para o mergulho quanto um pulmão com bastante fôlego. A ciência explica que nosso organismo entra em um "modo de sobrevivência" assim que mergulhamos o rosto na água: os vasos sanguíneos se contraem, para direcionar o sangue com oxigênio para os órgãos vitais, e o baço também se contrai.
Isso porque esse órgão armazena glóbulos vermelhos com oxigênio fresco e pode fornecê-los, quando necessário — é quase um tanque de oxigênio do próprio organismo. Por isso, ter esse tanque com "capacidade maior" ajuda muito o estilo de vida dos Bajau. Também pode ajudar a Ciência a entender o fenômeno da hipóxia, uma falta aguda de oxigênio, que faz tantas vítimas em centros médicos — Llardo acredita que sua pesquisa pode ser útil nesse aspecto.
Por fim, é importante observar que essa capacidade incrível de mergulho pode não ser o suficiente para a sobrevivência dos Bajau. A presença de barcos de pesca está tirando o sustento dos nativos. Além disso, eles não têm cidadania dos países da região, e muitos estão preferindo migrar para as terras da Indonésia em busca de uma vida melhor.
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