Ciência
16/05/2022 às 12:00•2 min de leitura
Nascido em Albany, Nova York, William Henry Johnson jamais poderia imaginar a enrascada que entraria em 1918. Perto da meia-noite do dia 15 de maio daquele ano, o jovem norte-americano estava cumprindo sua função de cobrir uma ponte na Floresta Argonne em Champagne, na França, durante a Primeira Guerra Mundial.
Ao seu lado estava Needham Roberts, um colega soldado que havia se alistado com ele para a Guarda Nacional de Nova York alguns meses antes e que naquele dia havia sido selecionado para ajudar o exército francês no conflito armado. Durante a madrugada, Johnson passou a ouvir múltiplos ruídos por perto e foi aí que a noite tomou outro rumo.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Conforme os barulhos foram se intensificando naquela noite, Johnson pediu para que Roberts fosse checar o que estava acontecendo. O parceiro, extremamente cansado, acreditou que o soldado estava apenas preocupado demais e não cumpriu sua função.
Com medo de um possível ataque surpresa, Johnson então passou a se preparar. Ele decidiu empilhar uma grande variedade de granadas e colocar vários cartuchos de fuzil ao alcance de seu braço. Caso alguém realmente estivesse pronto para surpreendê-los, ele estaria preparado.
Em determinado momento, ele acabou ouvindo um barulho de corte: era a cerca do perímetro sendo cortada por tropas inimigas. Então, acordou Roberts mais uma vez e fez um ultimato: "se você não acordar agora, talvez nunca mais abra os olhos". Foi aí que os dois começaram a lançar granadas na escuridão em uma tentativa desesperada de desencorajar qualquer um que estivesse à espreita.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Assim que as granadas começaram a explodir, Johnson viu dezenas de soldados alemães avançarem pela mata da floresta francesa e com baionetas apontadas para eles. Tiros passaram a vir de todas as partes e a dupla de soldados precisou fazer de tudo para sobreviver.
Nas próximas horas, o inexplicável tomou conta daquele cenário. No meio do conflito, Roberts foi atingido por estilhaços de uma granada e teve os braços e o quadril desabilitados. Ainda consciente, ele decidiu dar mais algumas granadas para seu parceiro arremessar.
Tendo se tornado um exército de um homem só, Johnson passou a atirar para todos os cantos. Durante a troca de cartuchos, começou a ser cercado pelos alemães e tomou uma decisão drástica: sair correndo com o rifle na mão como se fosse um porrete, esmagando-o sobre as cabeças dos adversários.
Depois disso, precisou sacar uma faca de bolo do bolso e partiu para o ataque enquanto estava sendo baleado. Ao todo, ele precisou lutar por uma hora e, inclusive, resgatar Roberts das mãos do inimigo até que os reforços chegassem e o restante dos alemães fugissem.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Quando os oficiais militares visitaram o local da batalha, ficaram perplexos com o que viram. Capacetes alemães estavam espalhados pelo chão junto de várias poças de sangue. Estima-se que Johnson tenha matado quatro soldados e ferido mais 24 pessoas durante a batalha.
O soldado norte-americano foi apelidado de "Morte Negra" e a ponte foi reconhecida como “a Batalha de Henry Johnson”. Após a guerra, ambos Johnson e Roberts ganharam múltiplas condecorações pelos acontecimentos daquela noite, inclusive com homenagens feitas pelo ex-presidente Theodore Roosevelt.
Naquela época, Roosevelt declarou que Johnson era um dos americanos mais corajosos a pegar em armas na guerra e multidões foram recebê-lo ansiosamente em Nova York na esperança de cumprimentá-lo. O soldado acabou morrendo de miocardite — uma inflamação no músculo cardíaco — em 1929, mas definitivamente entrou para a história.