Estilo de vida
22/07/2022 às 08:00•3 min de leitura
De pescoço branco, pelo amarelo-alaranjado, patas e focinhos pretos, o lobo-guará é um dos mais bonitos animais do continente sul-americano e cuja incidência é grande na região Centro-Oeste do Brasil. Mamífero, é considerado a maior espécie de canídeo das Américas, curiosamente uma espécie mansa e de hábito solitário.
Ainda que consuma uma grande variedade de animais, o lobo-guará também é adepto do consumo de frutos, sendo um grande aliado da natureza ao espalhar sementes do que consome através de suas fezes.
Infelizmente, está ameaçado de extinção. Pensando em trazer mais adeptos à sua defesa, este texto conta algumas curiosidades a respeito desse animal tão característico de um de nossos biomas. Confira.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Chegando a pesar entre 20 e 30 quilos, o lobo-guará é considerado o maior da família Canidae. Em média, sua estatura fica entre 80 e 90 centímetros de altura, mas alguns exemplares podem atingir a marca de um metro de comprimento.
Analisando sua fisionomia, nota-se que suas pernas longas são muito desproporcionais ao restante do corpo. Tal dado leva cientistas a teorizarem que poderia ser resultado de evolução, uma seleção natural de espécies que tivessem o dom de enxergar possíveis presas através de arbustos altos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Ainda que o nome sugira, o lobo-guará não é um lobo. Também esqueça sua pelagem, pode lembrar, mas não estamos diante de um animal parente da raposo. Ele é um membro da família Canidae de difícil classificação, resultado de inúmeras peculiaridades anatômicas.
O ancestral mais próximo conhecido teria sido o lobo-das-malvinas, extinto no fim do século XIX. Pesquisadores classificam o lobo-guará como uma espécie de cachorro-do-mato, exímios escavadores e de estilo de vida semi-aquático.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Outro aspecto que chama a atenção no lobo-guará é o fato de ser um animal que não uiva. Para fazer contato com outros da sua espécie, eles geralmente emitem um ganido prolongado e de grande amplitude.
Outra maneira que a espécie utiliza para se comunicar é o rugido, que também é de longa distância, mas escolhido para o momento que os lobos-guará desejam manter um indivíduo afastado.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A espécie é bastante comunicativa e, como outros animais, utiliza a urina como forma de demarcação de espaço. Porém, há uma enorme diferença do xixi feito por um lobo-guará e o feito por outros animais que possuem este tipo de hábito de marcar território.
É que a urina deste Canidae libera pirazinas, substância química que une nitrogênio, carbono e hidrogênio e criam um odor muito forte, que especialistas dizem ser muito semelhante ao da maconha. A investigação científica que conduziu a esta "descoberta" ocorreu por acaso.
Em 2006, policiais investigavam um chamado de consumo ilegal de maconha em espaço público, no Zoológico de Roterdã, na Holanda. Quando a equipe chegou ao local, constatou que a única coisa que havia ali era a urina dos animais. Após análises, descobriu-se essa similaridade.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Este animalzinho de quatro patas possui uma alimentação muito diferentes da de outros canídeos. Em alguns indivíduos, o consumo de matéria vegetal pode superar a marca de 50%, especialmente soja. No entanto, isso não significa que a dieta deles seja restrita.
Um lobo-guará pode se alimentar de proteína animal também, especialmente pequenos mamíferos, como coelhos, além de pequenos pássaros. Pinhão, plantas e insetos também pode, eventualmente, entrar no cardápio.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Há quem considere que o lobo-guará é um animal que gosta da noite. Ainda que não esteja de todo errado, é uma forma muito simplista de analisar a espécie. Ainda que tenham como hábito sair principalmente ao amanhecer e ao anoitecer, as atividades variam conforme o período do ano e a região analisada.
Os indivíduos que residem na Bolívia, por exemplo, são conhecidos por vagar em qualquer horário em estações chuvosas, mas mantêm os hábitos noturnos quando há seca. No Brasil, a situação é invertida, saindo mais durante os períodos secos e mantendo um costume de sair mais restrito ao amanhecer e anoitecer.