Artes/cultura
13/08/2022 às 13:00•2 min de leitura
No final de 2021 o Brasil enfrentou dois cenários que pareciam bastante improváveis e contraditórios. Enquanto os estados do sul, sudeste e centro-oeste encaravam uma forte estiagem, que fez reservatórios secarem e deixou a população sem água, estados do nordeste passaram por tempestades devastadoras. Enquanto uma parte do país precisou lidar com a falta de água, a outra estava sendo prejudicada pelo excesso.
E o Brasil não é o único país a lidar com o problema. Recentemente, os Estados Unidos passaram por inundações recordistas que atingiram o centro-oeste do país no final de julho e início de agosto, deixando pelo menos 35 mortos e centenas desaparecidos. Enquanto isso, do outro lado do país, o Lago Mead — maior reservatório dos EUA — estava em um nível historicamente baixo, enfrentando seu terceiro ano de seca.
(Fonte: Unsplash)
A situação que faz lugares relativamente próximos enfrentarem situações tão opostas e extremas é uma consequência direta das mudanças climáticas. Conforme a Terra esquenta, a atmosfera passa a acumular mais vapor d’água, e isso cria uma situação perfeita tanto para tempestades quanto para estiagens. “Esta têm sido uma crise em câmera lenta há duas décadas, está apenas convergindo neste momento”, disse Michael Crimmins, climatologista da Universidade do Arizona.
A atmosfera da Terra pode armazenar cerca de 7% mais água por?°C de aquecimento. Agora, considere que a temperatura atual do nosso planeta subiu cerca de 1,2 °C acima das temperaturas pré-industriais. Isso faz com que a atmosfera leve mais tempo para ficar saturada de água. O resumo dessa variação é que nós estamos tendo cada vez menos tempestades, mas quando ocorrem, elas despejam mais água de uma só vez, resultando em inundações.
Por outro lado, as temperaturas mais altas também fazem com que a água evapore mais rápido. Isso propicia que certas regiões se tornem secas com mais facilidade, se tornando mais propensas a incêndios florestais e menos capazes de reter água. Além disso, o acúmulo excessivo de água favorece tempestades e diminui a probabilidade de neve, que em muitos casos funcionam como reservatório de água, que depois derrete e alimenta os grandes rios.
(Fonte: Unsplash)
À medida que as mudanças climáticas se intensificam, veremos mais eventos extremos de chuva em todo o país e no mundo. Também veremos secas mais intensas. Crimmins explica que “lugares secos tenderão a ficar mais secos e lugares úmidos tenderão a ficar mais úmidos”.
É praticamente um consenso entre especialistas que essas são as consequências das mudanças climáticas. É fundamental que trabalhemos para reduzir as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa. Existem medidas a médio e longo prazo pensando no problema, mas elas apenas o aliviam. É preciso pensar em como minimizar os impactos do que já estamos vivendo enquanto nos readaptamos.