Ciência
20/08/2022 às 10:00•2 min de leitura
Reduflação é o termo usado quando um produto, qual seja, reduz seu tamanho/quantidade, mas seu preço segue o mesmo. Por exemplo: a empresa X produz uma barra de chocolate que possui 100 gramas e custa R$ 5,00; para aumentar seus ganhos, a empresa X decide reduzir o peso da mesma barra de chocolate para 85 gramas, mantendo, no entanto, o mesmo valor de R$ 5,00.
A prática não é ilegal, mas as empresas precisam seguir determinados critérios. O principal deles é alertar o consumidor de que houve redução do tamanho/medida na embalagem. É preciso deixar clara qual era a quantidade antes, qual é a nova quantidade e o quanto aumentou ou diminuiu em termos absolutos e percentuais.
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A prática não é nova, mas o cenário é sempre o mesmo. Em tempos de inflação alta e escalada de preços, as empresas procuram contornar o problema com uma estratégia de vendas maquiada.
O salário não costuma acompanhar a alta de preços, então os consumidores têm menos capacidade de adquirir produtos, o que os economistas chamam de "poder de compra reduzido". Logo, as empresas adotam a estratégia para manter sua competitividade.
Já que a tendência do consumidor conferir a embalagem é menor, a indústria acaba optando por diminuir a quantidade de produto e manter o preço. Para quem consome, o efeito é muito mais psicológico do que prático. Ela disfarça a inflação, mas não seu impacto. A depender do tipo de produto, você passará a comprar mais unidades para equiparar a quantia que falta.
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"Bebida láctea" e não leite; "mistura de creme de leite" no lugar de creme de leite; "mistura alimentícia de queijo ralado" ao invés de queijo ralado. Sobrou até para o doce de leite, que virou "doce de soro de leite sabor doce de leite". O maior impacto destas mudanças foi sobre o setor lácteo, mas a tendência é crescente na indústria alimentícia.
No caso dos derivados de leite, o fenômeno é fruto do aumento do custo de produção, algo em torno de 62% nos últimos dois anos. A redução da matéria-prima e a elevação de preços compôs o cenário para o surgimento destas alternativas. Não se engane: apesar da liberação da Anvisa e do Ministério da Agricultura (Mapa), a prática também constitui reduflação.
As embalagens costumam ser muito semelhantes e as informações pouco visíveis, sem contar que o preço é muito semelhante. Para piorar, as substituições acabam ocorrendo para incluir ingredientes com menor valor nutritivo, impactando também a produção de alimentos que utilizem estes ingredientes em suas receitas.
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Reforçamos que as mudanças, tanto em tamanho das embalagens quanto na composição de produtos, é permitida pela legislação vigente. Todavia, para que possa ser feita, o consumidor deve ser informado de modo visível e de fácil identificação, na própria embalagem, por tempo não inferior a 6 meses. As regras constam da Portaria nº 392/2021, do Ministério da Justiça.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, é função da empresa fornecedora garantir que os clientes possam fazer uma compra justa. Para tanto, torna-se uma missão compartilhada, já que exige dos consumidores a atenção na leitura dos rótulos. Especialmente no caso das substituições de ingredientes, estamos falando mais de saúde do que de inflação.