Artes/cultura
06/07/2021 às 12:00•3 min de leitura
A palavra chocolate pode evocar imagens de barras doces e trufas deliciosas. Mas o alimento de hoje é bem diferente do chocolate do passado. Ao longo de grande parte da história, o chocolate foi uma bebida reverenciada, porém amarga, e não um doce comestível.
O alimento é feito com os frutos dos cacaueiros, nativos da América do Sul e Central. Os frutos são chamados de vagens e cada vagem contém cerca de 40 grãos de cacau. Os grãos são secos e torrados para criar grãos de cacau.
A história de 5 mil anos do chocolate começou onde hoje é a América Central e o México. Foi lá que foi descoberta a primeira planta de cacau. Os olmecas, uma das civilizações mais antigas da América, foram os primeiros a fazer chocolate para beber a partir de uma planta de cacau. Eles bebiam durante os rituais e o usavam como remédio.
A receita original de chocolate levava pimenta em sua composição. (Fonte: Pixabay/Bernadette Wurzinger/Reprodução)
Os olmecas, sem dúvida, repassaram seus conhecimentos sobre o cacau aos maias, que não só consumiam o chocolate, mas o reverenciavam. A história escrita menciona bebidas de chocolate sendo usadas em celebrações e para finalizar transações importantes.
O chocolate maia era uma bebida feita com grãos de cacau torrados e moídos, misturados com pimenta, água e fubá. Os maias despejavam a mistura de uma panela em outra para fazer uma bebida espessa e espumosa chamada “xocolatl”, que significa “água amarga”.
Apesar da importância do chocolate na cultura maia, ele não era reservado para os ricos e poderosos, mas estava prontamente disponível para quase todos. Em muitas famílias maias, o chocolate era apreciado em todas as refeições. O chocolate maia era espesso e espumoso, e geralmente combinado com pimenta, mel ou água.
Os grãos de cacau eram utilizados como moeda no Império Asteca. (Fonte: Pixabay/allybally4b/Reprodução)
Já os astecas elevaram a admiração pelo chocolate a outro nível. Eles acreditavam que o cacau foi dado a eles por seus deuses. Como os maias, eles gostavam de bebidas de chocolate bem temperadas e quentes, mas também usavam grãos de cacau como moeda para comprar comida e outros bens.
Na cultura asteca, os grãos de cacau eram considerados mais valiosos do que o ouro. O chocolate asteca era principalmente uma extravagância da classe alta, embora as classes mais baixas o apreciassem ocasionalmente em casamentos ou outras celebrações.
Talvez o amante de chocolate mais notório de todos foi o poderoso governante asteca Montezuma II, que supostamente bebia litros todos os dias para obter energia e como afrodisíaco. Diz-se também que ele reservava alguns de seus grãos de cacau para os militares.
Lojas dedicadas ao chocolate se espalharam pela Europa. (Fonte: Pixabay/Ji-Sun Yoo/Reprodução)
O cacau chegou na Europa pela primeira vez na Espanha, que começou a importar produto em 1585. Logo, a mania do chocolate se espalhou pelo continente europeu. Com a alta demanda pelo produto, vieram as plantações de cacau, que eram cultivadas por milhares de escravos. Logo, casas que vendiam chocolate para os ricos surgiram em Londres, Amsterdã e outras cidades europeias.
Os paladares europeus não ficaram satisfeitos com a receita tradicional da bebida de chocolate asteca. Eles faziam suas próprias variedades de chocolate quente com açúcar de cana, canela e outras especiarias e condimentos comuns.
Os suíços são famosos por suas receitas deliciosas de chocolate. (Fonte: Pixabay/Successful4/Reprodução)
Durante grande parte do século XIX, o chocolate foi apreciado como bebida e muitas vezes era adicionado leite em vez de água. Em 1847, o chocolateiro britânico JS Fry and Sons criou a primeira barra de chocolate moldada a partir de uma pasta feita de açúcar, licor de chocolate e manteiga de cacau.
O suíço Daniel Peter é geralmente apontado como autor da receita que adiciona leite em pó desidratado ao alimento para criar o chocolate ao leite em 1876. Mas foi só vários anos depois que ele se uniu a seu amigo Henri Nestlé para criar a Nestlé Company, trazendo o chocolate ao leite para o mercado de massa.
O chocolate percorreu um longo caminho durante o século XIX, mas ainda era duro e difícil de mastigar. Em 1879, outro suíço, Rudolf Lindt, inventou a máquina de concha que misturava e gaseificava o chocolate, dando-lhe uma consistência que derretia na boca e combinava bem com outros ingredientes.
No final do século XIX e início do século XX, empresas familiares de chocolate como Cadbury, Mars, Nestlé e Hershey's estavam produzindo em massa uma variedade de confeitos de chocolate para atender à crescente demanda por doces.