Ciência
21/08/2022 às 12:00•2 min de leitura
Existem colégios eleitorais que são muito importantes para eleger o presidente do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, têm grande valor — e número representativo de eleitores. No entanto, desde as eleições de 1989, é Minas Gerais que parece "prever" a vitória, já que todos os eleitos à presidência venceram no estado.
Na realidade, desde a República Velha até o Golpe Militar de 1964, apenas uma vez um candidato saiu vencedor do pleito sem ter o maior número de votos em Minas Gerais — Getúlio Vargas, em 1950. Pesquisas eleitorais para a presidência feitas entre os mineiros na última semana apontam que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está à frente na preferência no estado.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Minas Gerais é um estado de imensa relevância para o Brasil em diferentes aspectos, cenário que se iniciou desde a chega dos portuguesas à Ilha de Vera Cruz. Para cientistas políticos, a razão que leva o estado da região sudeste a ter tamanho peso político reside nas características de sua formação.
O caráter heterogêneo do estado faz com que o eleitorado tenha um perfil diversificado, capaz de traduzir o país, para o bem e para o mal. É importante ressaltar, ainda, que estamos tratando do segundo maior colégio eleitoral, com 16,2 milhões de eleitores, representando 10,5% de todas as pessoas aptas a votar no Brasil.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Utilizando como recorte a redemocratização, isto é, as eleições presidenciais realizadas a partir de 1989, todos os vencedores do pleito também ganharam a preferências dos mineiros. Na primeira delas, de acordo com os dados da Justiça Eleitoral, Fernando Collor foi eleito recebendo 55% dos votos válidos no estado, ante os 44% de seu adversário.
Na eleição seguinte, em 1994, Fernando Henrique Cardoso foi o preferido dos mineiros, com expressivos 64% dos votos contra 21,9% de Lula. Após instituída a reeleição, FHC tornou a vencer, em 1998, liderando o estado com 55% dos votos. Lula, neste ano, teve 28%. No ano em que Lula foi eleito pela primeira vez, 2002, ele recebeu 66,4% dos votos válidos, enquanto José Serra teve 33,5%.
Na eleição seguinte, 2006, Lula venceu novamente: desta vez, Minas Gerais deu ao candidato do PT 65% dos votos, enquanto seu adversário recebeu 34%. As duas vitórias de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, também vieram com maioria dos votos: 58,45% e 52,41%, respectivamente. Por fim, Jair Bolsonaro, eleito em 2018, recebeu 58,19% dos votos em Minas Gerais.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A eleição de 1950, que garantiu o retorno de Getúlio Vargas à presidência, é a única exceção desta "regra" sobre o poder decisivo de Minas Gerais. Naquele ano, o estado já era o segundo maior colégio eleitoral do país, com 17% do eleitorado. Disputando conta o candidato de direita Eduardo Gomes, Vargas tinha a seu favor a admiração do povo, em especial das camadas menos favorecidas.
Dos 25 colégios eleitorais (24 estados e o Distrito Federal), Vargas venceu em 18. Porém, naquele ano, não venceu a eleição em Minas Gerais, que deu a Eduardo Gomes o maior percentual de votos. O detalhe importante a ser levado em conta é a baixa diferença de votos entre eles. Gomes recebeu 441690 votos, enquanto Getúlio Vargas teve 418194. Ou seja, mesmo sendo derrota, a diferença foi pouco representativa.