Ciência
23/03/2021 às 06:00•2 min de leitura
Em 1990, Fernando Collor de Mello se tornou o 32º presidente do Brasil e o primeiro presidente eleito diretamente após o fim da ditadura militar. Porém, as coisas não pareciam andar muito bem já no segundo ano de seu mandato. Com a reputação arruinada por planos econômicos impopulares e escândalos de corrupção, Collor viu nascer um grande movimento popular: os Caras Pintadas.
Clamando pelo impeachment do líder da República, milhares de brasileiros foram às ruas em 1992 com os rostos pintados de verde e amarelo. Composto majoritariamente por estudantes, o movimento tomou conta de todas as capitais do país e foi responsável direto para que o então comandante considerasse sua renúncia.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A gota d'água de Fernando Collor ocorreu em uma ação política conhecida pelo nome de "confisco da poupança". Na época, o governo estabeleceu que todas as contas bancárias no Brasil com quantidades superiores a 50 mil cruzeiros deveriam ser congeladas por 18 meses. Isso fez com que boa parte dos brasileiros ficasse revoltada.
O decreto não prejudicou apenas pessoas, mas como também empresas. Em decorrência disso, o Brasil acabou entrando em uma grande crise econômica e observou um aumento nos números de desemprego. Com o congelamento, Collor pretendia controlar a inflação de 1700% ao ano que assolava o país — porém viu a medida falhar miseravelmente.
O aumento da insatisfação popular com o mandato despertou o movimento estudantil dos Caras Pintadas. No dia 16 de agosto de 1992, jovens vestindo roupas pretas e tinta amarela e verde no rosto ocupavam as avenidas com cartazes nas mãos pedindo o impeachment do presidente, que renunciaria no dia 30 de dezembro do mesmo ano.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Os Caras Pintadas surgiram como uma resposta imediata a um discurso feito por Fernando Collor três dias antes das passeatas. Em sua fala, o presidente eleito pedia para que seus apoiadores fizessem uma caminhada a seu favor vestindo roupas das cores da bandeira nacional.
Do outro lado, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), que já faziam reuniões com estudantes desde maio de 1992, tornaram-se os principais órgãos organizadores do protesto. O clamor popular fez com que o processo de impeachment se iniciasse no Congresso.
Vendo que perderia pelas vias políticas, Collor decidiu renunciar. Entretanto, o impeachment ocorreu da mesma forma, o que envolveu a suspensão dos seus direitos políticos por oito anos. Para os últimos dois anos do mandato, quem assumiu o comando do país foi o vice-presidente Itamar Franco.