Saúde/bem-estar
08/10/2022 às 08:00•3 min de leitura
Poucas marcas no mundo são tão universalmente conhecidas como a Coca-Cola. Até mesmo as teorias sobre sua fórmula (como o fato de ter contido cocaína) são de conhecimento público, mas a trajetória de seu criador, John Stith Pemberton, é pouco notória.
Muita coisa aconteceu até que em 1885 ele registrasse sua criação, feita a partir de folhas de coca importadas da América do Sul, e muito mais após ele decidir vender sua fórmula – o que, talvez, ele não fizesse se soubesse o rumo que tudo tomaria.
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(Fonte: Wikimedia Commons)
Nascido em 1831 em Knoxville, Georgia, quando entrou na vida adulta, Pemberton estudou medicina e farmácia, recebendo a licença para trabalhar com princípios Thomsonianos aos 19 anos, em 1850. Apesar de ter conquistado respeito na área médica, seu grande talento sempre esteve relacionado à química.
Após abrir uma empresa especializada em desenvolver substâncias para fabricação de remédios, passou a impulsionar sua carreira na importação e fabricação de preparos para a indústria farmacêutica e química. Acontece que no meio do caminho havia a Guerra Civil Americana.
Em 1862, John Pemberton se juntou ao exército dos Confederados como primeiro-tenente. Fundou o 3º Batalhão de Cavalaria da Geórgia, combatendo na defesa da cidade de Columbus. A guerra teria grande impacto na sua carreira. Ferido pelo combate na Páscoa de 1865, precisou recorrer ao uso de morfina, que lhe deixou viciado, mas o levou a novos rumos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Desde antes de se envolver com a Guerra Civil, John Pemberton sempre teve uma atuação bastante empreendedora. Três anos antes de partir para o combate, já havia investido US$ 35 mil em equipamentos de alta tecnologia, projetados para a elaboração de substâncias que pudesse comercializar à indústria farmacêutica.
Com o fim do conflito, Pemberton retomou os negócios em Atlanta. Naquele momento, o médico e farmacêutico vivia à base de seu vício em morfina, utilizando o produto para qualquer tipo de dor ou incômodo que sentisse.
Essa foi a motivação para tentar projetar um produto que fosse capaz de substituir o medicamento e controlar o seu vício. Era o princípio do que viria a ser a Coca-Cola. Ele só não sabia disso ainda.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Em parceria com o médico Austin Walker, Pemberton expandiu seu laboratório. Ele queria desenvolver novos produtos, atendendo desde médicos a fotógrafos, e se possível partir para o ramo dos cosméticos. Seu primeiro produto foi o perfume Sweet Southern Bouquet, lançado em 1869.
O sucesso foi tão grande que ele criou uma nova empresa, investindo mais na sua infraestrutura. O próximo produto desenvolvido foi o Pemberton's French Wine Coca, uma bebida que recebia folhas de coca oriundas da América do Sul. Era o toque especial ao produto.
Comercializado como um tônico para ajudar a melhorar a saúde mental, além de tratar dores de cabeça – e seu vício em morfina –, a bebida vendeu bem, mas a proibição ao consumo de bebidas alcoólicas levou a uma mudança primordial: surgia a Coca-Cola, com os mesmos ingredientes, mas sem álcool.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A Coca-Cola era vendida inicialmente apenas em farmácias, em forma de xarope. A adição de água era feita no local. Mas, empreendedor que era, Pemberton decidiu acabar com intermediários e engarrafar ele mesmo a bebida, criando a Pemberton Chemical Company. O nome havia sido sugestão de Frank Robinson, contador de John.
Apesar de um início lento, a empresa foi decolando aos poucos, mas não conseguiu ver o sucesso da própria empresa. Diagnosticado com câncer de estômago, vendeu dois terços da empresa para poder custear tratamentos e manter o estilo de vida da família.
Com sua morte, em 1888, seu filho, Charles Pemberton, assumiu sua parte, mas também faleceu posteriormente, vítima do vício em morfina também. Asa G. Candler, que era dono majoritário, assumiu os negócios em um movimento até hoje desconhecido. No mesmo ano, fundou a The Coca-Cola Company, e o resto é história.