Estilo de vida
10/12/2023 às 11:00•2 min de leitura
Em um artigo publicado recentemente no site The Conversation, a bibliotecária Kayla Harris e a professora de estudos religiosos Neomi De Anda, ambas da Universidade de Dayton, nos EUA, apresentam a tradição da montagem do presépio como uma forma universal de celebrar a natividade, ou o nascimento de Jesus Cristo.
Mostramos abaixo alguns dos exemplos da Biblioteca Mariana, daquela universidade, que tem mais de 3,6 mil peças!
(Fonte: Biblioteca Mariana/Universidade de Dayton/Reprodução)
Esse presépio diferente, criado pela artista islandesa Kristin Karolina, é composto por "Yule Lads", criaturinhas míticas semelhantes a gnomos de jardim. Filhos da troll Grýla e do troll Leppalúði, os treze travessos personagens são um elo entre o Natal cristão e a celebração do solstício de inverno no norte da Europa pré-cristã.
Assim como o Papai Noel, esses encrenqueiros descem pelas chaminés das casas, mas não para deixar presentes, e sim roubar a ceia de Natal.
(Fonte: Biblioteca Mariana/Universidade de Dayton/Reprodução)
Enquanto isso, do lado de cá do Atlântico, o artesão mexicano de cartoneria Sotero Lemus Gervasio traz para dentro da cena da natividade um personagem improvável, mas comum em cerimônias latino-americanas: os demônios, muitas vezes representando os sete pecados capitais, mesmo na presença do menino Jesus.
Chamado de "O Diabo Nunca Longe", esse presépio remete à pastorela, uma tradicional forma de teatro popular em que diabinhos pregam peças e colocam obstáculos no caminho dos reis magos, tentando afastá-los de Belém.
(Fonte: Biblioteca Mariana/Universidade de Dayton/Reprodução)
Conhecida por sua vida comunitária, práticas tradicionais e avessa às tecnologias, a comunidade amish traz em seu presépio "Iguais aos Olhos de Deus" a simplicidade extrema da sua cultura. Fiéis aos ensinamentos de algumas de suas igrejas, de não posar para fotografias (para não ostentar orgulho), aqui todos os personagens aparecem sem rostos, e com trajes austeros.
Segundo as autoras, embora "cada presépio incorpore um conjunto diferente de valores e crenças em torno do nascimento de Cristo", todos são exemplos de como as pessoas vivenciam sua fé e representam fisicamente seus ideais cristãos.
(Fonte: Biblioteca Mariana/Universidade de Dayton/Reprodução)
Produzido por artesãos do Prescraft (The Presbyterian Handicraft Centre), em Camarões, esse presépio com dezessete peças de cerâmica marrom escura é resultado de uma confluência entre arte e religião, e fruto do trabalho comunitário desenvolvido pelo missionário suíço Hans Knopfli na promoção da arte nativa, desde o início dos anos de 1960.
Chamado de "Tatuagens", o trabalho mostra inscrições nas pessoas e animais que são, na verdade, cartões de visita tribais.
(Fonte: Biblioteca Mariana/Universidade de Dayton/Reprodução)
Criado pelo artista Sidney Matias, o presépio brasileiro apresenta um tipo natural de natividade em uma tribo Xingu, mesmo nome do rio da margem direita do Amazonas. Na floresta, a sagrada família vive em harmonia com uma explosão de tucanos e tuiuius, ao lado de panteras negras e amarelas, tartarugas, cobras e macacos.
Maria descansa na rede, com a criança em seu colo, enquanto um José de corpo pintado serve traz gamela com melão, banana, caju, abacate e manga. A pintura corporal é nas cores tribais dos casais. Nomeada "Paraíso perdido?" pelo padre Johann Roten, a cena é de um ato de resistência ao "incorporador de terno e gravata" e à ganância humana.