Conheça os Wakaresaseya, os sabotadores de relacionamentos do Japão

06/09/2020 às 03:003 min de leitura

O sentimento de estar apaixonado por alguém é algo extremamente poderoso e forte. Há fatores bioquímicos comprovados que mudam algumas coisas dentro do nosso organismo. Mas imagine estar em um romance e, de repente, tudo acabar de uma forma trágica. Seria terrível, não é mesmo? E no Japão, um serviço conhecido como wakaresaseya, pode destruir o sonho do amor eterno que algumas pessoas sentem. Por que? Os wakaresaseya são destruidores de relacionamentos profissionais.

(Fonte: Unsplash/Reprodução)(Fonte: Unsplash/Reprodução)

Um caso que ficou bastante famoso com relação ao grupo é o de Takeshi Kuwabara, que em 2010, foi contratado por um homem insatisfeito com seu relacionamento para fingir um romance com a esposa dele. Kuwabara acabou sendo condenado posteriormente porque cometeu um crime, matando Rie Isohata, a esposa indesejada. Um fato que chamou a atenção nessa história toda é que o agente também era casado e tem até mesmo filhos.

A história começou quando ele marcou um encontro com Isohata em um supermercado, adquirindo a persona de um nerd que trabalhava com TI. O disfarce era perfeito, já que ele desenvolveu uma aparência muito condizente ao papel que precisava desempenhar. Ao seduzir a mulher, os dois desenvolveram um caso que durou algum tempo. Quando foram a um motel, um fotógrafo registrou algumas imagens que eram necessárias ao marido para conseguir se separar imediatamente de Isohata. 

No entanto, ao descobrir a emboscada, a mulher cheia de raiva resolveu terminar seu relacionamento com Kuwabara, que acabou estrangulando-a por não querer deixá-la ir. O agente continua cumprindo uma pena de 15 anos de prisão no Japão.

A indústria wakaresaseya

O caso de Kuwabara foi tão chocante para o grupo de agentes sabotadores de relacionamentos que muitas coisas precisaram ser revistas para que a prática pudesse continuar. Embora a reputação estivesse um tanto quanto manchada, algumas coisas ainda estavam sob o controle. No entanto, algumas reformas na famigerada indústria dos wakaresaseya precisaram ser realizadas. A partir desse evento, as agências de detetives particulares precisaram adquirir obrigatoriamente licenças para o exercício da prática.

(Fonte: Unsplash/Reprodução)(Fonte: Unsplash/Reprodução)

Em entrevista à BBC, Yusuke Mochizuki, que trabalha em uma agência chamada First Group, afirmou, por exemplo, que a profissão se viu ameaçada em sua credibilidade pelo impacto que o caso teve na mídia. Segundo ele, houve uma certa repressão da publicidade online aos serviços de wakaresaseya e também uma desconfiança maior por parte das pessoas que poderiam vir a adquirir os serviços.

Agora, quase uma década após o assassinato de Rie Isohata, a profissão parece ter conseguido sair do estigma adquirido depois da fatalidade. Os anúncios online continuaram a ser divulgados e os negócios parecem estar voltando à tona, mesmo com muita polêmica ao seu redor. Há muitas controvérsias envolvidas nessa prática que parece ser bastante cruel, em alguma medida.

Vale lembrar que os agentes eram contratados apenas para fingirem romances com as pessoas que eram indesejadas nos relacionamentos. Essas armações serviam para firmar emboscadas que forneceriam imagens suficientes para provar pontos de vista em divórcios de cunho litigioso. Em nenhum momento eles seriam assassinos de aluguel ou coisa parecida.

Se aprofundando na prática

Para entender melhor como funciona o mercado dos wakaresaseya é preciso ter em mente que esses agentes estão quase sempre vinculados a grupos de detetives particulares que são contratados para os mais diversos fins. 

Eles geralmente angariam seus clientes de forma digital, pela internet com vários anúncios online. Os serviços, por conta de sua “periculosidade”, possuem um custo elevado para o contratante. Mas a garantia de efetividade é alta, o que também pode justificar o valor. As taxas podem chegar até 20 milhões de ienes (pouco mais de R$ 1 milhão).

(Fonte: Unsplash/Reprodução)(Fonte: Unsplash/Reprodução)

Mesmo assim, tudo pode dar errado e vir à tona, como visto na história de Kuwabara e Isohata. A escritora inglesa Stephanie Scott, inclusive, disse ter baseado vagamente seu novo romance, intitulado What's Left of Me Is Yours (O que sobrou de mim é seu, em uma tradução livre), no caso japonês de maior repercussão até hoje.

Segundo ela, que desenvolveu uma pesquisa extensa sobre os wakaresaseya, a contratação de um desses agentes pode ajudar o contratante a evitar confrontos diretos. “É uma forma mais ágil de resolver uma situação difícil sem conflito. E sua esposa tem muito mais probabilidade de concordar com o divórcio se ela estiver apaixonada por alguém e quiser seguir em frente”, contou ela em entrevista à BBC sobre o assunto.  

E embora a prática possa parecer exclusiva do Japão, há alguns casos relatados em outros países. O agente Mochizuki, no entanto, afirma que é preciso estar bem familiarizado com as leis locais para não ter problemas futuros. Mesmo assim, para ele é um trabalho muito promissor que lhe mostra como as pessoas exageram, mentem, falam e interpretam. “É muito interessante ver como as pessoas são feitas”, conclui.

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