Saúde/bem-estar
05/07/2022 às 09:00•3 min de leitura
O período do Velho Oeste compreende a época em que, nos Estados Unidos, houve uma expansão de ocupação do território americano em direção à costa do Oceano Pacífico. Isto aconteceu durante o século XIX e início do século XX, e compreendeu uma migração de pessoas para o oeste, onde viviam os povos nativos americanos.
É uma época que envolve muita idealização e que foi retratada muitas vezes no cinema. O período também gerou alguns personagens célebres, como o pistoleiro Billy the Kid e o aventureiro Buffalo Bill. Mas há também uma série de personagens negros que nem sempre são lembrados nesta história. Neste texto, falamos sobre 4 deles.
(Fonte: Bust Magazine)
Mary Fields foi uma carteira no Velho Oeste, desempenhando um ofício que, na época, era bem perigoso. "Stagecoach" Mary viajava centenas de quilômetros para ir até a fronteira entregar documentos, e é conhecida como a primeira mulher negra a desempenhar este serviço.
Mary nasceu como mulher escravizada, mas após a Guerra Civil, foi morar com uma freira que encontrou trabalho para ela em um convento. Mesmo que vivesse num ambiente religioso, ela não era nada comportada: frequentava saloons, fumava charutos e usava armas.
Em 1895, Mary Fields conseguiu um emprego no Serviço Postal americano, quando já tinha 60 anos. Ela percorria o país protegendo os pacotes e as cartas munida com um rifle e um revólver.
Em razão de seu serviço e de sua personalidade forte, Stagecoach Mary se tornou uma lenda local em Montana. Ela era a única mulher autorizada a frequentar o bar da cidade que não era profissional do sexo. Quando morreu, em 1914, a cidade em que vivia realizou um funeral grandioso em sua homenagem.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Nat Love foi um homem escravizado do Tennessee que se tornou um cowboy. Esta história começou quando, aos 15 anos, Nat saiu de casa e foi para Dodge City, onde passou a acompanhar os vaqueiros locais.
Determinado a se tornar um deles, Love começou a conduzir o gado pelo Texas e Arizona, entrou em embates com nativos americanos e teria convivido com bandidos como Jesse James e Billy the Kid.
Sua história foi tão rica que ele mesmo escreveu uma autobiografia, intitulada Deadwood Dick: the life and adventures of Nat Love.
(Fonte: LACMA Unframed)
Bridget “Biddy” Mason teve uma história interessantíssima: ela nasceu escravizada em 1818 e se tornou uma das pessoas mais ricas de Los Angeles.
Biddy era uma mulher escravizada que pertencia a um homem mórmon chamado Robert Marion Smith. Em certo momento, ele obrigou seus escravos a se deslocarem do Mississippi até Utah, em uma caravana com péssimas condições.
Ocorre que Smith cometeu um erro no meio do caminho: ele acabou desviando até a Califórnia, que era um estado livre. Quando Biddy Mason descobriu isso, resolveu aproveitar a oportunidade.
Na Califórnia, ela fez amigos, incluindo um fazendeiro negro chamado Robert Owens, que alertou o xerife de Los Angeles sobre a presença de pessoas escravizadas na caravana de Smith.
(Fonte: Reddit)
Cathay Williams realizou um feito notável: ela fingiu ser homem para participar dos buffalo soldiers, a cavalaria do exército americano formada por negros.
Nascida no Missouri em 1844, Cathay foi forçada a trabalhar como cozinheira e lavadeira durante a Guerra Civil. Ao viajar com o exército, ela se identificou com o trabalho dos soldados. Mas não conseguia encontrar oportunidades neste meio por ser mulher.
Por conta disso, Cathay Williams teve a ideia de se disfarçar de homem e se alistar no exército americano. Deu certo: ela se apresentou como William Cathay e acabou sendo e designada para o 38º Regimento de Infantaria, um dos seis que recebiam soldados negros. Os nativos americanos apelidaram estes soldados de buffalo soldiers, por conta de seus cabelos escuros e encaracolados (como dos búfalos) e seu espírito feroz.
Cathay Williams teria sido descoberta apenas dois anos depois, quando foi dispensada com honras e entrou para a história como a primeira mulher negra a se alistar no exército.