Twister: o jogo considerado 'sexo em uma caixa' em 1960

13/07/2022 às 16:003 min de leitura

No programa de 3 de maio de 1966, do The Tonight Show, da televisão norte-americana, o irreverente apresentador Johnny Carson estendeu um tapete de plástico com três colunas com grandes círculos coloridos (vermelho, amarelo, azul e verde) diante das câmeras, e chamou a famosa atriz Eva Gabor para uma partida do jogo.

A plateia ficou eufórica com as posições consideradas “ousadas” dos dois cada vez que o spinner era rodado e eles precisavam colocar as mãos nas cores determinadas, resultando em muito contato corporal, bundas para o alto, respiração ofegante e risadas.

(Fonte: History/Reprodução)(Fonte: History/Reprodução)

No dia seguinte, com uma nota ainda maior de histeria, tudo o que a mídia sabia noticiar era o jogo chamado Twister que Gabor e Carson jogaram em rede nacional, com tanto contato corporal que causou polêmica, mas arrebatou o mercado de jogos de tabuleiro em uma onda tão grande quanto o notório Monopoly.

No ano seguinte, o Twister vendeu mais de 3 milhões de cópias, mas foi acompanhado por uma avalanche de críticas e censuras ainda maiores, colocando a fabricante, Milton Bradley Company, no centro de uma polêmica ao ser acusada de vender "sexo em uma caixa" pelos americanos conservadores da década de 1960 – e inflamada pelos concorrentes na indústria que não conseguiam aguentar o sucesso de um jogo tão "obsceno e estúpido".

O furacão Twister

(Fonte: Power Pop/Reprodução)(Fonte: Power Pop/Reprodução)

Ironicamente, o excesso de proximidade que o jogo dá foi algo em que os fabricantes do Twister temiam antes de lançá-lo, portanto, para desviar as preocupações em torno dos tons sexuais que o jogo poderia imprimir, ele foi empacotado para parecer o mais inofensivo o possível – o que, de fato, é. O departamento de design fez a caixa do produto com adultos desenhados de maneira cartunesca e excessivamente vestidos com chapéus, ternos, gravatas, suéteres abotoados até o pescoço, e sem nenhum vestígio de pele aparente.

Contudo, desde o princípio, a própria Milton Bradley Company não achava que seria uma boa lançar um jogo como aquele, ainda que a ideia de Charles Foley – um renomado e bem-sucedido designer de brinquedos – em usar pessoas como peões de jogo, fosse revolucionária. Ela surgiu quando ele ainda trabalhava em Minnesota, na empresa Reynolds Guyer House of Design, em 1964, inspirada pelo proprietário Reyn Guyer, que idealizou um tabuleiro de bolinhas e encarregou Foley e Neil Rabens de torná-lo algo real ee funcional.

(Fonte: The New York Times/Reprodução)(Fonte: The New York Times/Reprodução)

Como Tim Walsh, autor do livro The Playmakers, disse em entrevista ao The Guardian, antes de receber um "não" dos conservadores e das mães preocupadas, o jogo recebeu bastante críticas do time criativo e executivo da Milton Bradley. Alguns alegavam que a empresa produzia jogos de tabuleiro, e lançando o Twister, um jogo de chão, indo contra a identidade da empresa. Outros, porém, reforçavam as conotações sexuais que poderiam surgir e que, por isso, somando os fatores, não valia o risco.

Mel Taft, executivo de desenvolvimento da Milton Bradley e responsável por lançar o jogo, disse que foi do seu gerente de vendas que ouviu pela primeira vez que eles estavam tentando "colocar sexo em uma caixa".

Mudando a cultura

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Assim que o Twister foi lançado, apesar de seu design inofensivo, não houve uma curva nas vendas, na verdade, gerentes de algumas lojas de departamento, como na Sears, decidiu estocá-lo por considerar muito arriscado.

Mas isso significava a morte do jogo, visto que, naquela época, a Sears era considerada o ramo de lojas de departamento mais lucrativo e popular dos Estados Unidos, e se ela dissesse que não venderia, então ninguém mais iria.

A realidade mudou um mês depois, após a irreverente e estrondosa aparição do Twister no programa de Carson, causando um burburinho maior do que a Milton Bradley esperava.

(Fonte: Patreon/Reprodução)(Fonte: Patreon/Reprodução)

Enquanto a Sears estocava o jogo, que vendia feito água no deserto, haviam protestos diante de lojas, queimas do jogo e tentativas de torná-lo proibido ou censurado para menores. Nada disso impediu que o Twister fosse proclamado Jogo do Ano em 1967, se tornando um dos brinquedos mais emblemáticos da década, não superando apenas o bambolê.

A subversão de tabus e a maneira como o jogo parecia proibido, ajudou a eternizar e enraizá-lo em todos os aspectos da cultura pop, aparecendo em músicas, filmes e seriados. Foram feitos torneios mundiais de Twister com prêmios milionários e disputas de rua, se tornando até tradição em fraternidades nas universidades americanas.

Estima-se que mais de 65 milhões de pessoas tenham jogado Twister, citado como um dos melhores desempenhos de vendas no primeiro trimestre de 2019 da empresa Hasbro, apesar de 53 anos terem se passado desde seu lançamento.

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