
Estilo de vida
15/09/2022 às 06:35•3 min de leitura
O que você entende por tecnologia? Se observar uma foto de um homem sentado em uma cadeira usando um celular para falar com alguém, o que você apontaria como tecnológico? Só o celular?
Se a resposta foi sim, então temos um problema. Ainda que possa parecer que toda tecnologia seja eletrônica, do celular ao computador, isso é apenas a tecnologia mais moderna. Por definição, tecnologia é a maneira como aplicamos conhecimento científico para fins práticos, ou seja, isso quer dizer que absolutamente tudo já inventado pelo ser humano desde os primórdios da civilização é considerado tecnologia.
Essa ideia errada sobre o que é esse conceito pode fazer parte da onipresença que ele tem em nossa vida, afetando de maneira profunda como enxergamos o mundo ou, mais especificamente, a atualidade.
O autor do livro Guia do mochileiro das galáxias, o britânico Douglas Adams, mencionou que as pessoas não pensam mais em cadeiras como tecnologia, por exemplo. É por isso que muitas pessoas, principalmente da geração atual, chamada de geração Z, têm sofrido um fenômeno social chamado amnésia geracional.
(Fonte: The Conversation)
Na edição de 9 de novembro de 2021 da revista Waterbucket, o doutor Daniel Pauly, considerado uma lenda viva no mundo da biologia marinha, argumentou: “Nós transformamos o mundo, mas não nos lembramos dele. Ajustamos nossa linha de base para um novo nível, e não nos lembramos do que estava lá. E a pergunta é: por que as pessoas aceitam isso? Bem, porque elas não sabem como era antes”.
Em outras palavras, existe uma tendência sistemática de cada geração esquecer que o mundo foi moldado pelos seus antecessores, e essa falta de conhecimento direto da condição histórica é uma falha em perceber a mudança.
Esse tipo de "amnésia" também está associada a várias áreas comuns, como a organizacional, cuja definição é a perda de memória de como fazer as coisas. Quando isso acontece em empresas, elas se tornam incapazes de realizar algo que antes podiam, o que está muito ligado à aposentadoria, geralmente de alguém com muita experiência, e à falta de redistribuição desse conhecimento funcional.
(Fonte: Journalism)
“Para saber para onde você está indo, você precisa saber de onde veio. Caso contrário, sua mente se prende no passado recente. Conheça sua história e seu contexto. Essas são as palavras-chave para superar a amnésia geracional”, escreveu Pauly, em 1995, em seu influente artigo Anecdotes and the shifting baseline syndrome of fisheries.
Se as gerações mais novas se esquecem dos avanços e das mudanças positivas promovidas pelos seus antepassados, então é uma questão de tempo para deixar de notar como seus predecessores também prejudicam o mundo.
Assim foi gerado um terceiro fenômeno de amnésia: a amnésia geracional ambiental.
(Fonte: NY Times)
Em entrevista ao Down to Earth, o psicólogo Peter H. Kahn Jr., diretor do Laboratório de Interação Humana com a Natureza e Sistemas Tecnológicos da Universidade de Washington, comentou que crianças que vivem em ecossistemas poluídos constroem ideias de que essa realidade é basicamente normal, mesmo sendo ruim. Sendo assim, o que cada geração passa a ter como natureza se torna relativo, com base no que ela está exposta.
Kahn Jr. ressalta que os humanos estão começando a substituir a interação humano-humano pela interação humano-máquina, perdendo parte da profundidade e da autenticidade naturais da interação humano-humano e humano-natureza.
Em seu artigo The importance of children interaction with big nature, em coautoria com Thea Weiss, publicado na revista Children, youth and environments, Kahn Jr. examinou como as pessoas percebem e impactam o meio ambiente, descobrindo que a amnésia geracional permite que o desenvolvimento continue de maneira implacável conforme as cidades crescem e os espaços abertos encolhem.
Em entrevistas, o psicólogo notou que, quando crianças eram questionadas da poluição do ar, a maioria conseguia explicá-la e apontar outras cidades que estavam poluídas, mas nunca a própria.
“Há uma mudança na linha de base do que consideramos o ambiente e, à medida que essa linha se torna empobrecida, nem a vemos. Se apenas tentarmos ensinar às pessoas sobre a importância da natureza, isso não funcionará. Elas precisam interagir com ela”, analisou Kahn Jr.
(Fonte: Anthropocene Magazine)
Até gerações passadas superestimam como a natureza faz diferença na forma como as pessoas veem e se movem no mundo, apesar de terem desfrutado desse contato quando menores. Kahn Jr. e Weiss estudaram a pré-escola Fiddleheads Forest School, em Seattle (EUA), onde o diretor criou um currículo moldado em atividades ao ar livre que são essenciais para formar a percepção de uma pessoa, desde imitar o canto de um pássaro até saber proteger o corpo durante uma queda.
"Saber fazer isso não é um dado adquirido", disse Kahn Jr. “Temos uma geração inteira que passa tanto tempo na frente das telas que, quando saem para a natureza, não sabem como interagir com ela ou se cuidar”, ele disse.
Outra gama de pesquisadores já relacionou como a exposição ao ar livre impacta diretamente as saúdes física, mental e emocional de uma pessoa, contribuindo para o desenvolvimento da concentração e melhorando a comunicação com terceiros. Mas é exatamente o contrário que têm acontecido, principalmente nas gerações mais novas.
Para Kahn Jr., a solução é simples: oferecer maior contato entre adultos e crianças com qualquer tipo de natureza que esteja ao alcance. No entanto, em um mundo cada vez mais urbano e digital, essa tarefa se torna uma missão quase impossível.
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